quinta-feira, 9 de agosto de 2007

* * * A FILOSOFIA DO "IDEALISMO MONISTA" * * *

"Quanto mais eu observo o universo mais ele se parece a um grande pensamento do que a uma grande máquina". - Albert Einstein

A base do Idealismo Monista é a CONSCIÊNCIA e não a matéria.
Reduzindo-se tudo à sua origem encontramos a CONSCIÊNCIA.
Ela é a realidade única e final da matéria, dos pensamentos, a noção
do imanente e do transcendente, os arquétipos, idéias, do mundo
manifesto, enfim, tudo é a consciência.
A filosofia do Idealismo Monista é unitária, as subdivisões são realizadas pela e na consciência. Na Grécia, o filósofo Platão deixou na sua "República" a proposta do Idealismo Monista, na atualidade, ela é defendida pelo físico teórico Amit Goswami Phd.
Na "República", Platão exemplifica a sua teoria usando a "Alegoria da Caverna", que se tornou célebre.

A Alegoria da Caverna - Platão

Dentro de uma caverna estão sentados seres humanos, hipnotizados
pelo jogo de luzes e sombras projetado na parede da caverna. A
hipnose é tão grande, que estes seres não se voltam e não conseguem
tirar os seus olhos daquela projeção. Entretanto, é a luz que projeta aquele espetáculo de sombras, do universo que está lá fora.
Nós somos idênticos aos seres que estão nesta caverna, como eles,
confundimos a realidade com as sombras-ilusões, que contemplamos
embevecidos na parede da nossa caverna. Entretanto, a realidade
genuína está às nossas costas na luz e nas formas arquetípicas que
ela projeta como sobras.
Esta alegoria serve para demonstrar que os nossos "espetáculos de
sombra" são as manifestações imanentes-irreais da nossa experiência
humana de realidades arquetípicas, pertencentes a um mundo
transcendente. A LUZ é a única realidade nesta alegoria, pois é tudo
o que percebemos. - "No idealismo Monista, a CONSCIÊNCIA é como a
luz na Caverna de Platão". Amit Goswami.

O Idealismo Monista nas literaturas idealistas das diversas culturas

Vedanta - Índia: NAMA são os arquétipos transcendentes e RUPA a sua
forma imanente.
A Consciência Universal é Brahman, o ser fundamental e único.
Brahman existe para além de Maya (ilusão).
"Todo este universo sobre o qual falamos e pesamos nada mais é do que Brahman. Nada mais existe".
Budismo: NIRMANAKAYA e SAMBHOGAKAYA são os reinos materiais e das idéias.
DHARMAKAYA, acima destes reinos é a consciência única que os
ilumina.
Na realidade, só existe o Dharmakaya! "Nirmanakaya é a aparência do
corpo de Buda e as suas atividades inescrutáveis. O Dharmakaya de
Buda está livre de qualquer percepção ou concepção de forma".

O Yin-Yang é um símbolo taoísta. O yang é a parte clara, símbolo
masculino e o yin a parte escura, símbolo do feminino. O yang é o
reino do transcendente e o yin o imanente. "Aquilo que permite ora
as trevas, ora a luz, é o TAO", o Uno que transcende suas
manifestações complementares.

A Kabbalah judaica - são duas as ordens de realidade: Sefiroth -
transcendente, teogonia e a Alma de peruda imanente "o mundo da
separação". O ZOHAR dia: "Se o homem contempla as coisas em
meditação mística, tudo se revela com Uno".

Cristandade - Céu, transcendente e Terra, imanente. São originadas,
estas palavras, do Idealismo Monista. O que está além do céu e da
terra? O Rei, a Divindade. "Ela (a consciência fundamento do SER)
está em nosso intelecto, alma e corpo, no céu, na terra, enquanto
permanece em SI MESMA. Ela está simultaneamente em, à volta e acima do mundo supercelestial, um sol, uma estrela, fogo, água, espírito, orvalho, nuvem, pedra, rocha, tudo o que há". Dionísio - idealista cristão.

Há que se observar que em todas estas descrições a Consciência é tida como ÚNICA, mas chega até nós através das suas manifestações complementares, idéias e formas. Este é um importante e precioso componente da Filosofia Idealista.

Misticismo - Você pode pegar uma pedra, pode arrastar e se sentar em
uma cadeira, observar as coisas ao seu redor e crer que são realidades materiais separadas de você e das outras pessoas. Você as considera REAIS, porque as experiências da forma como se fossem materiais e perfazendo toda uma realidade.
As experiências mentais são diferentes, não se parecem com as ditas
reais e materiais, por esta razão, nós resolvemos que "mente" e "corpo" são separados, cada qual no seu domínio, nos tornamos,
portanto, dualistas.Com o dualismo as explicações ficam dificultadas: como pode uma coisa imaterial, como a mente, interagir com outra material, como corpo material? Se interagirem uma com o outro, qual seria a troca de energias entre os dois? Pela lei da "conservação de energia" no universo material, a energia permanece constante e nada ainda nos provou que essa energia foi desviada para o domínio mental ou que dele foi retirada. E agora? Como estes dois domínios agem para fazerem as suas interações?
Os seguidores do idealismo sustentam a realidade primária da
consciência e dão o justo valor às nossas experiências subjetivas, mas ...não sugerem e nem afirmam que a consciência é a MENTE. Muita atenção: costumamos confundir "alhos com bugalhos" - A CONSCIÊNCIA NÃO É A MENTE! Mantenham esta explicação para sempre.

Então o que é a consciência?

Pego, nas minhas mãos uma bola que é um objeto material. E penso
neste objeto como sendo uma bola. O objeto material-bola - e o mental - meu pensamento sobre o objeto bola - todos os dois se tornam objetos na consciência e nesta experiência existe um observador, um sujeito que está experimentando - pegar na bola e nela pensar.
De acordo com Idealismo Monista, a consciência do sujeito em uma
experiência sujeito-objeto é a mesma que constitui o fundamento de
todo o ser: só há um "sujeito-consciência" pois a consciência é UNITIVA e SOMOS essa consciência!

Os Upanishades, livros sagrados da Índia, afirmam - "Tu és ISSO" - e
os hindus chamam à consciência, sujeito/ser do ATMAN.
No cristianismo, a consciência é o Cristo Interno, o Eu Superior ou
o Espírito Santo. Para os cristãos quakre, ela é a LUZ interna. O que importa não são os seus nomes e sim a sua experiência transmutadora inefável, inestimável. O filósofo Aldous Huxley escreveu um livro "A Filosofia Perene", o testemunho dos grandes vultos da humanidade que vivenciaram o ser-consciência, todos eles falam a mesma linguagem e expressam a linguagem da consciência de forma semelhante, a Unidade na Diversidade dos vários personagens que dela forneceram os seus testemunhos.

As religiões

As religiões foram fundadas, com o fito de simplificarem para as
massas os ensinamentos místicos dos que vivenciaram a Realidade
Absoluta. Cada uma apresenta a sua senda, um caminho, mas a
DESCOBERTA final só poderá ser feita por cada um dos peregrinos,
ninguém, ninguém mesmo poderá faze-la por você, este é o SEU
trabalho.
Infelizmente, todas as religiões se tornaram DUALISTAS. O dualismo
das religiões monoteístas judaico-cristãs absorveu a psique ocidental se apoiando em uma hierarquia de intérpretes. Tal como separou Descartes - Mente e Corpo -, o dualismo - Deus/mundo, não parece resistir ao exame científico, explicita o físico teórico Amit
Goswami.
O Idealismo Monista, compatível com a física quântica, fornece um novo paradigma que pode solucionar os paradoxos do misticismo
(transcendência e pluralidade) e dar partida a uma ciência idealista
e de fazer a revitalização das religiões.

Goswami aponta: os quatro aspectos da consciência

1. Percepção: campo da mente, trabalho global.
2. Os objetos da consciência: pensamentos e sentimentos passageiros
3. O sujeito/observador/experienciador e testemunha - o self consciente
4. Consciência, fundamento de todo o SER.

Não podemos identificar a consciência com as nossas percepções
motoras, sensações e impressões sensoriais. Você se identifica com
os seus dedos, no ato de escrever ou com os seus pés no ato de andar? Nada disto e nem um dos chamados "concomitantes" externos da nossa experiência consciente podem ser confundidos com os elementos fundamentais da nossa consciência. No âmago da nossa mente, os pensamentos, sentimentos e opções se encarados assim,nos jogariam dentro do conceito errôneo de Descartes - penso logo existo - quando o correto é - "escolho, logo existo" - Ulrich Neisser adverte e prova o que diz através da física quântica. Escolher é uma função primordial da consciência. "A psicologia não está pronta para enfrentar a consciência" - Amit Goswami retruca - "por sorte, a física está".

Fontes:
O Universo Autoconsciente - Amit Goswami, Phd - Ed. Rosa dos Ventos.

Fique na Luz Divina!!!

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