quinta-feira, 4 de junho de 2009

*** CABALA - Adão & Átomo ***


Ao falar sobre o mundo físico, é natural que os cientistas procurem respostas sobre como foi criado o mundo. Para os cabalistas a pergunta é por quê?
Nessa edição um físico e um cabalista trocam notas.
Os físicos Dr. Michio Kaku e Fred Alan Wolf e o Cabalista Rav Berg discutem as diferenças, e sobretudo as similaridades entre a física e a Cabala.



Toda manhã, o renomado teórico físico Dr. Michio Kaku acorda e se pergunta, "Como Deus criou o universo?"

Pode não ser um ritual matutino para a maioria de nós, mas todos fizemos esta pergunta em algum momento de nossas vidas.

Para o Cabalista Rav Berg, descobrir nosso propósito e desvendar os mistérios da natureza não é saber como Deus criou o universo, mas sim de perguntar por quê. "Se soubermos por que estamos aqui, então saberemos as regras sobre como atingir o objetivo," diz Rav Berg. "Mas se não há objetivo, então cada um elaborará suas próprias regras, e ninguém tomará a iniciativa de questionar seu próprio objetivo."

O Dr. Kaku, que escreveu nove livros sobre como Deus criou o universo, incluindo dois best sellers internacionais, acredita que chegar um passo mais próximo de uma resposta é seu propósito na vida. "Ao desvendar o mistério da criação," diz ele, "um poder semelhante ao de Deus seria depositado nas mãos dos seres humanos."

O que significaria possuir o poder de Deus? Significaria ter controle sobre o passado, o presente e o futuro, sobre o tempo e o espaço, para nós individualmente e para o universo em seu todo.

Da busca matemática do Dr. Kaku, e da pesquisa do cabalista sobre as verdades místicas das escrituras, à nossa tentativa de achar um emprego melhor para melhor cuidar de nossas famílias, estamos todos tentando descobrir como desvendar os segredos da natureza, a fim de viver melhor e, quem sabe, ajudar os outros nesse objetivo também.

Essa busca logicamente não se limita à comunidade científica. Através da história, todas as religiões do mundo têm tentado responder à questão da criação, e prover um conjunto de orientações sobre como viver uma vida "boa" ou melhor.

Tanto para os físicos quanto para o homem comum (não cientista), a descoberta deste significado é um objetivo compartilhado por todos. A única linha divisória entre nós é o meio pelo qual perseguimos esta descoberta, e a linguagem que usamos para revelá-la. Os físicos usam a matemática para resolver os mistérios da natureza. Os religiosos usam as escrituras para prover técnicas de vida na natureza. A similaridade entre as duas abordagens está no desejo de explicar como. A religião tenta prover-nos com orientações sobre como viver (fé), enquanto a ciência tenta nos fornecer explicações para como as coisas funcionam e se relacionam (prova física).

Podemos imaginar que combinando a informações dos dois campos, poderíamos obter um quadro bem abrangente, que endereçasse a função e o propósito interrelacionado de tudo. Mas isso não é fato. Tanto a ciência quanto a religião se apressam em não ser conclusivas quanto às respostas que buscamos. Para a pessoa comum, nem a ciência nem a religião têm sido capazes de melhorar a vida cotidiana ou fornecer um sentido de propósito.

A razão para isso, de acordo com o cabalista, é que tanto a ciência quanto a religião organizada estão restritas ao mundo dos efeitos, porque estão fechadas na questão do como. Em outras palavras, perguntar como algo ocorre despreza totalmente a intenção por trás da ação, e nos força a ter meros clarões na escuridão para desvendar um efeito, em vez de considerar a causa. Ao se focar na questão do por que, o cabalista lida com o pensamento precedendo a ação.

Além da linguagem matemática e das escrituras estarem além da compreensão da maioria de nós, nenhuma das duas abordagens parece ter muita relevância no nosso mundo moderno. Buscamos uma sabedoria mais acessível, que nos permita visualizar essa coisa de vida-propósito. Nem a ciência, nem a religião nos fornece uma sabedoria prática relativa aos assuntos do coração e da alma. A informação é inútil sem a compreensão. Em outras palavras, os efeitos não significam nada sem a compreensão da causa, as regras sempre podem vir a ser questionadas quando não há conhecimento da intenção do jogo; o como jamais será realmente compreendido sem uma tentativa de se vislumbrar o por que.

"Os físicos são limitados, porque estudar relacionamentos de matéria física baseia-se na repetição de experimentos em um laboratório," menciona o Dr. Kaku. Logo, uma ocorrência inexplicável, como um milagre por exemplo, não pode ser comprovada ou isolada pelos cientistas, porque o evento não pode ser contido em um laboratório ou mesmo ser replicado. Porém, isto não significa que milagres não ocorram; significa somente que os físicos não conseguem fornecer uma explicação para eles porque a ciência restringiu-se à realidade física, ou ao mundo dos efeitos.

"Não se pode criticar os físicos pelo fato de se encontrarem limitados ao estudo da matéria física," argumenta Fred Alan Wolf, um físico teórico e escritor, ganhador de prêmio, que trabalhou para expandir as descobertas da física a uma discussão mais ampla de espiritualidade, filosofia e aplicação. "Isto seria como criticar um artista por usar pinturas a óleo. A força da física é que nos fornece prova física. Sua fraqueza é que não nos fornece qualquer insight subjetivo. Este é um trabalho para o místico.

ENTRA EM CENA O CABALISTA

"Um cabalista pega as evidências de prova física da ciência, mais as doutrinas de estrutura de vida da religião, e empresta um significado a tudo isso. Os insights da Cabala podem transformar meras informações em sabedoria e propósito. A Cabala pode explicar a matemática da física, assim como pode prover uma compreensão mais profunda, espiritual dos ensinamentos literais da religião", afirma o Rav Berg. Em outras palavras, a Cabala nos fornece as ferramentas para entender as linguagens tanto da ciência quanto da religião.

Pense nisso em termos de música. A Física nos fornece a pauta de música -- a "matemática" da melodia. A Cabala nos dá não somente a pauta, mas também a melodia, a harmonia e a proficiência na técnica musical -- uma sinfonia inteira que não somente podemos compreender tecnicamente, mas também que nos move espiritual e emocionalmente. A intenção espiritual do compositor é transferida musicalmente para o ouvinte.


Ligando matemática & metáfora

Enxergar a distinção entre a aparência externa da matéria física e sua essência é a diferença fundamental na abordagem entre ciência e Cabala. A Ciência pergunta como algo existe dentro das dimensões de tempo, espaço, movimento e causalidade; a Cabala pergunta por que as coisas existem. As duas modalidades de pensamento, embora provenientes de pontos de partida diferentes, geralmente acrescentam uma à outra. "O 'como' jamais provará o 'por que,'" diz o Dr. Wolf, "porque o 'como' lida com um sistema de mapeamento, enquanto o 'por que' lida com a experiência real. No entanto, eles podem funcionar no sentido de se complementarem um ao outro."

A Cabala utiliza metáfora e história, enquanto a física usa a matemática -- juntas, elas trabalham para desenhar o quadro dos mistérios de fenômenos tais como o big bang, os universos paralelos, a teoria da relatividade e a teoria das cordas.

Se olharmos as descobertas científicas através da história, poderemos verificar que, embora a investigação do mundo dos efeitos tenha se aprofundado, ainda lhe falta uma estrutura de causalidade. "Foi a física Newtoniana que então se tornou a de Einstein," explica o Rav Berg. "Ambos os domínios são, na realidade, a mesma coisa. Apenas um teve uma abordagem mais profunda, instando-nos a descobrir algo que não víamos antes. Tudo continua igual, apenas cientificamente mais avançado."

As descobertas da física no século vinte podem ser basicamente resumidas em duas teorias: a teoria da gravidade de Einstein e a teoria do quantum. A primeira auxiliou na condução a uma descrição cósmica das coisas mais amplas (buracos negros e o big bang), enquanto a outra fornece uma descrição microscópica das menores (o microcosmo das partículas subatômicas). Elas nos forneceram a prova física e as equações matemáticas por detrás das metáforas da Cabala e para a história do universo.


A Teoria do Big Bang

Podemos traçar intrigantes paralelos entre a explicação científica e a interpretação metafórica da Cabala sobre o big bang. A diferença entre os dois é que onde a física esbarra ao lidar com os três segundos após o momento da criação, a Cabala por outro lado lida com o pensamento que precede a ação. A Cabala endereça o nanosegundo antes da criação, identificando assim um propósito e uma intenção. A partir da teoria do big bang, a ciência postula o que ocorreu e como ocorreu. Então, pelos ensinamentos da Cabala, recebemos uma explicação de por que ocorreu -- uma explicação que dá sentido não somente à criação do universo, mas a tudo o que fazemos hoje. Existe uma ligação entre os eventos que ocorrem em nossa vida cotidiana e aquele episódio singular ocorrido há quinze bilhões de anos atrás.

De acordo com a Cabala, antes da criação havia Luz. A natureza da Luz era compartilhar e expandir-se infinitamente. (Compartilhar não é usado aqui como um verbo, mas sim como um substantivo. A Luz compartilha). A essência dessa Luz era de infinita inteligência e plenitude sem fim. Para que a Luz manifestasse sua natureza de compartilhar porém, ela precisava de um receptor -- então ela criou um receptor. A natureza receptiva desse receptor é o oposto polar da natureza de compartilhar da Luz. De acordo com o cabalista Rabino Yehuda Ashlag, que viveu no início do século vinte, este fato representava um problema. Em seu livro Entrada para o Zohar, o cabalista explica que essa disparidade na natureza criou uma separação espiritual entre a Luz e o receptor. Os conceitos de distância e proximidade são baseados na similaridade de forma e natureza no domínio espiritual. Em outras palavras, quanto mais duas entidades se parecem uma com a outra, mais próximas estarão uma da outra; quanto maior sua diferença, tanto maior seu grau de separação.

De acordo com a Cabala, há um método através do qual o receptor pode eliminar a separação. Considere uma chaleira com água fervente como sendo a Luz e um copo vazio como sendo um receptor. Quando a água fervente é vertida no copo, ele lentamente se torna quente ou assume os atributos da água fervente. Similarmente, o receptor, uma vez criado, absorveu certos atributos da Luz. Em outras palavras, o receptor "possuía" o DNA da Luz, que é o desejo de compartilhar. Esse "gene" compartilhador é o segredo para se eliminar a separação entre a Luz e o receptor.

No entanto, o receptor não sabia como compartilhar, porque sua inteligência dominante era receber. O gene se encontrava latente. Logo, a fim de dar um fim à separação entre a Luz e o receptor, o receptor teve que dar um primeiro passo inicial. O receptor parou de receber.

Em resposta a isso, a Luz se restringiu e contraiu, criando um único ponto dentro de si própria. "O infinito deu nascimento ao finito," diz o Rav Berg. Foi o primeiro vácuo ou vazio a partir do qual a matéria se formou.

De acordo com os escritos do Rabino Isaac Luria, que viveu no século dezesseis, o universo foi criado do nada a partir de um único ponto de Luz. O nada é chamado Mundo Sem Fim. O Mundo Sem Fim estava pleno de Luz infinita. A Luz então restringiu-se a um único ponto, criando o espaço primordial. Não há informação além desse ponto. Logo, o ponto é chamado "o começo." Após a contração, o Mundo Sem Fim emitiu um raio de Luz (energia). Esse raio de Luz expandiu-se então rapidamente. Toda matéria emanou daquele ponto.

Esse ponto (nosso universo) tornou-se a arena onde o receptor poderia ter a oportunidade de transformar sua natureza de receber em natureza de compartilhar. Essa transformação eventual iria gerar uma similaridade de natureza entre Luz e receptor, produzindo uma reunificação das duas. No entanto, nessa união, o receptor possuía a capacidade de receber toda a Luz -- mas desta vez, com o propósito de compartilhar com a Luz -- e nada proporciona maior alegria ao Criador do que dar prazer ao receptor.

O receptor é conhecido na Bíblia pela palavra em código "Adão." O receptor possuía dois aspectos: uma carga elétrica positiva e outra negativa: um princípio masculino e outro feminino; Adão e Eva. Após o momento em que a Luz se restringiu e se contraiu, os cabalistas nos dizem que o receptor partiu-se em dois pedaços e o princípio masculino separou-se do feminino. Essas duas partes então fragmentaram-se em números infinitos de outras partes e se transformaram nos prótons, elétrons e outras partículas que compõem o universo inteiro. A criação, de acordo com o Rabino Luria, foi o processo pelo qual a energia se transformou em uma forma física -- ou onde "Adão" se tornou "átomo."

Esta é certamente uma explicação extremamente simplificada da Cabala e sua cosmologia. Mesmo assim, esta é a teoria científica do big bang explicada por uma metáfora cabalística, que leva em consideração o pensamento que precede o evento, ou o momento anterior à criação. "Este é um caso em que os cientistas podem estar provando o que os místicos revelaram, não obstante através de meios diferentes," diz o Dr. Wolf.

Os paralelos entre a explicação cabalística para a natureza dos mistérios e a explicação matemática da ciência não param aí.


A Teoria Das Cordas

O problema enfrentado pelos físicos atuais é como integrar a mecânica do quantum e a teoria da gravidade de Einstein em uma teoria que possa finalmente unificar todas as leis físicas sob uma única estrutura. Einstein, que passou seus últimos trinta anos tentando criar essa estrutura, chamou-a de Teoria do Campo Unificado -- o objetivo máximo de toda a física, a teoria que poria fim a todas as outras teorias.

A teoria das cordas é a tentativa atual de unificar essas duas teorias de forma coerente. No entanto, porque cada teoria utiliza princípios matemáticos e físicos diversos para descrever o universo, unificá-las representa o maior desafio enfrentado pelos físicos atualmente. Os paralelos entre a teoria das cordas e a explicação da Cabala para a construção multi-dimensional do universo são espantosas. Ou, como o Dr Kaku, um líder na proposição da teoria das cordas diz, "As similaridades são impressionantes."

A teoria das cordas ou supercordas postula que toda matéria e energia pode ser reduzida a minúsculas cordas de energia vibrando em um universo de dez dimensões. O Dr. Kaku, que escreveu o best-seller internacional Hyperspace (Hiperespaço), compara a teoria das cordas com as cordas de um violino. Ele diz que estudando as vibrações ou a harmonia que pode existir em uma corda de violino, pode-se calcular o infinito número de possibilidades de frequências. Assim como uma nota corresponde às vibrações de uma corda de violino, uma partícula subatômica ou "quanta" corresponde a diferentes frequências nas supercordas. Em outras palavras, as "notas" das supercordas são as partículas subatômicas, as "harmonias" das supercordas são as leis da física, e o "universo" pode ser comparado a uma sinfonia de supercordas vibrantes.

Um curioso aspecto das supercordas é que elas podem vibrar somente em dez dimensões, não quatro, porque "mais espaço" é necessário para acomodar tanto a teoria da gravidade de Einstein quanto a física subatômica. "Para os que a aceitam, esta predição de que o universo começou originalmente em dez dimensões introduz nova e surpreendente realidade matemática, de tirar o fôlego no mundo da física," afirma o Dr. Kaku. "Para seus críticos, ela beira a ficção científica."

Para nós, que não somos familiarizados com a física, tudo isso pode significar muito pouco. No entanto, de acordo com a Cabala, quando a Luz se contraiu e criou o espaço primordial, ele foi criado em dez dimensões.


Dez Graus de Separação

"O fato desses físicos estarem aventando a possibilidade das dez dimensões significa que eles estão chegando perto da verdade," explica o Rav Berg. "Sem mencionar que estamos aguardando que a ciência confirme o que já sabemos através da Cabala. No entanto, parece que as pessoas se tornam mais convencidas quando sai da boca de um físico do que de um cabalista."

O funcionamento dessas dez dimensões compreende um sistema bastante complexo sobre o qual não elaboraremos aqui. Em um nível básico, porém, pense em cada dimensão como uma cortina, todas enfileiradas uma após outra no espaço entre a Luz e o mundo físico onde vivemos. Cada cortina sucessiva gradualmente ofusca o brilho da Luz, de forma que a cortina mais distante quase não deixa passar qualquer Luz. O único resquício de Luz remanescente neste universo obscurecido é a "luz piloto" que sustenta nossa existência. Essa luz piloto é tanto a força da vida de um ser humano, quanto a força que permite o nascimento das estrelas, sustenta o sol e coloca todas as coisas em movimento.

Esta é a estrutura e o sistema que a Cabala usa para descrever o processo pelo qual a energia unificada do Ein-Sof (ou Mundo Infinito, Sem Fim) é diversificada e transmitida do mundo superior para os níveis mais abaixo -- como a energia se "densifica" em matéria.

O propósito desse sistema de filtragem, de acordo com a Cabala, foi construir um cenário onde não houvesse nem Luz nem ordem. Aqui poderíamos -- através de nossos próprios esforços de compartilhar e de escolher o "bem" em vez do "mal" -- criar nossa própria Luz espiritual e alcançar a plenitude. Ao fazer isso, poderíamos evoluir e trabalhar em direção ao nosso caminho de volta para a Luz. Ao aprender como transformar nossa natureza adquirindo assim atributos similares aos do Criador, despertamos o "gene" do Criador em nós, e nos aproximamos do atingimento do nosso verdadeiro propósito de vida.

Essa estrutura de dez dimensões do universo é a Árvore da Vida da Cabala. A Árvore da Vida é formada por dez Sefirot, emanações, ou contextualmente, receptores. Tudo o que se manifesta no universo contém as dez Sefirot: dez dedos das mãos, dez dedos dos pés, a matemática decimal -- todos são reflexos dessa estrutura.

Os paralelos entre a estrutura da Árvore da Vida da Cabala e a teoria das cordas prosseguem desse ponto em diante. De acordo com a teoria das cordas, o universo originalmente começou como um universo perfeito de dez dimensões, sem conter coisa alguma. No entanto, esse universo de dez dimensões não era estável. As dez dimensões originais "racharam-se" em dois pedaçoes (pense em Adão separando-se de Eva: um universo de quatro e seis dimensões). Logo após o instante da criação, seis das dez dimensões se "enroscaram" em uma bola muito minúscula para ser observada. O universo restante de quatro dimensões inflou em uma proporção enorme, tornando-se eventualmente o big bang. Em princípio, isso também explica porque não podemos medir o universo de seis dimensões; ele encolheu a um tamanho menor do que um átomo.

De acordo com a Cabala, os seis dias da criação descritos na Bíblia são um código. O cabalista Rabino Moses Ben Nachman que viveu no século doze, explicou que os seis dias da criação na verdade se referem às seis das dez dimensões da Árvore da Vida, que se contraíram e se unificaram em uma dimensão. As quatro dimensões restantes se tornaram o nosso mundo físico, conhecido como Malchut, que é feito de três dimensões espaciais, mais uma quarta dimensão temporal.

As seis dimensões são os domínios superiores da Árvore da Vida. Essas seis Sefirot - Chesed, Guevurá, Tiferet, Netzach, Hod e Yesod - formam um grupo de energias cósmicas referenciadas coletivamente como Zeir Anpin. Zeir Anpin e Malchut são os canais de energia pelos quais o universo tornou-se fisicamente expresso. As outras três Sefirot são o meio pelo qual a Luz foi trazida a esse mundo. São chamadas Keter, Chochmá e Biná. Elas não afetam nosso mundo físico além de direcionar-lhe a Luz. Essas três superiores são a fonte dos nossos pensamentos, intelecto, imaginação, plenitude e prazer. Quando um físico grita "Eureca", aquele flash repentino de insight que propiciou a resposta origina-se dessas três Sefirot superiores.

Similar à explicação na teoria das cordas de que as seis dimensões enroscaram-se em uma bola tão minúscula a ponto de não poder ser observada pelos humanos, a Cabala também explica que nossa existência em Malchut, ou o domínio físico, nos impede de acessar as outras dimensões com os nossos cinco sentidos. Somente através da evolução espiritual -- o processo de receber para compartilhar, pelo qual nossa natureza assume um maior grau de similaridade com a Luz -- é que Malchut se eleva para tornar-se mais próxima às dimensões superiores seguintes.

O Dr. Kaku admite que as similaridades entre a Cabala e a teoria das cordas são intrigantes. "É impressionante como os 'números mágicos' da física são encontrados na Cabala."

Potencialmente, uma outra ponte entre religião e ciência pode ter sido estabelecida com o fato de se admitir que existem mais do que quatro dimensões. Além disso, a idéia de que os físicos estão admitindo dimensões que os sentidos humanos não podem perceber, combina com a noção mística de que a realidade física é ilusória de várias formas.

"Se você está aceitando o princípio de que a fisicalidade é uma ilusão e um simples sinal na tela da realidade," diz o Rav Berg, "então você está não somente dando crédito mas também reconhecendo algo que não existe." "Essa tendência do pensamento científico não somente continuará a validar o que já é de conhecimento da Cabala, mas também poderá abrir as mentes das pessoas no sentido de compreender estados de consciência mais elevados. Na verdade, a explicação cabalística da estrutura de dez dimensões nos ajuda a melhor entender a intenção por detrás do nosso mundo de efeitos, e conhecer nosso objetivo na vida".


Universos Paralelos e o Significado Da Vida

De acordo com a sabedoria cabalística, existem dois universos paralelos: um altamente ordenado; outro, casual e caótico. O primeiro é real -- um universo circular que é revelado durante o processo de compartilhar e que cria continuidade. O segundo é ilusório -- um universo linear que é regido somente pelo desejo de receber e pela finitude.

A tarefa da humanidade é alcançar uma integração equilibrada e harmoniosa desses dois universos. Precisamos estar conscientes daquela parte em nós que nasceu no caos, enquanto nos recordamos ao mesmo tempo de que a maior e mais significativa parte em nós pertence ao todo unificado. Desta forma, o indivíduo preserva sua independência e capacidade de exercer o livre arbítrio, enquanto ao mesmo tempo permanece conectado com a Força única, universal.

Simultaneamente dentro desses dois universos paralelos, enfrentamos o desafio de não sermos vítimas das ilusões e do caos inerente ao universo linear. Esse processo se torna uma questão de mudança de perspectiva e consciência. Em outras palavras, nós criamos nossa própria realidade ao alterar nossa consciência. Ao fazer isso, as ilusões do universo linear desaparecem.

No entanto, o universo linear é estruturado de tal forma que, a fim de que acessemos o universo real, temos que ser capazes de enxergar através da ilusão. A ilusão pode ser qualquer coisa que nos encoraje a receber somente para nós mesmos, ou seja, qualquer coisa baseada no ego -- reconhecimento, beleza física, riqueza financeira, poder, honra etc. Nenhum desses aspectos da vida são inerentemente maus ou incorretos. É o nosso desejo de possuí-los em função do nosso ego que lhes dá o poder da ilusão que introduz o caos.

Para ser capaz de receber a Luz, temos que restringir nosso impulso natural de receber, aprendendo um processo de compartilhar. Em outras palavras, temos que modificar nossa natureza. Para nos auxiliar nessa mudança, a Luz criou o anjo Satan. Não aquele diabinho vermelho, com chifres e um poderoso tridente, mas uma força, uma inclinação enraizada no ego, na mesquinharia e nos impulsos animalescos que se manifestam em nossos pensamentos e sentimentos. Essa força oponente nos encoraja a nos comportar somente visando a nós mesmos, e dispara nossos impulsos de receber sem compartilhar. Esse tipo de comportamento revela-se quando somos reativos, cegos a opiniões contrárias, e intolerantes com aqueles que nos perturbam. Além disso, essa força tenta criar separação entre maridos e esposas, irmãos e irmãs, amigos e família, físicos e religiosos.

Em resumo: os atributos da Luz são a habilidade de compartilhar, de ser a causa e consequentemente estar no controle; os atributos do receptor são o desejo de receber, ser o efeito e consequentemente ser controlado por algo ou alguém que não ele próprio. A Luz é a causa e é pró-ativa. O receptor é efeito e é reativo.

Em seu livro Taking the Quantum Leap (Dando o Salto Quântico, Fred Alan Wolf especula sobre o significado dos universos paralelos -- a vontade de Deus versus a vontade do indivíduo. Com relação aos limites do poder humano, ele diz, "Nós humanos parecemos ter algum controle sobre nossas vidas, e ainda assim também parecemos ser impotentes com relação a outra vontade, uma outra ordem." Os Cabalistas explicam que essa "impotência" emerge quando o indivíduo se permite ser um efeito, uma reação, em vez de ser a causa.

Permitimo-nos ser regidos pelo anjo chamado Satan (nossa inclinação reativa).

Viemos aqui para aprender como ser pró-ativos, pessoas que compartilham, e para aprender a eliminar os impulsos reativos da nossa natureza. Através dessa transformação, podemos liberar a energia aprisionada dentro de nossa alma, atingindo ressonância com a Luz, e transcendendo o caos do mundo linear da ilusão. Malchut então se eleva mais próxima a outras dimensões, restaurando o estado do Sem Fim, onde nós, o receptor, recebemos total e completa plenitude da Luz.


A Montanha e a Pedra

Se as questões levantadas com a descoberta científica não podem ser respondidas pelo cientista, são direcionadas para os sistemas de interpretação místicos ou religiosos. Buscamos a essência e as verdades ocultas na matemática da física. No entanto, poucos sistemas deram contexto à informação que recebemos da comunidade científica. Até agora. .

"A sabedoria da Cabala antecede a Einstein, Newton, Galileu, o recebimento da Torá, e até ao big bang", diz o Rav Berg. "A Cabala esteve e está presente como uma energia, como a sabedoria da natureza, da lei e da metafísica, e é por consequência a semente de tudo".

Para os céticos entre nós, destacar os paralelos entre o sistema cabalístico e as descobertas da comunidade científica pode ilustrar como a ciência pode, de fato, estar provando aquilo que já sabemos. De acordo com os Cabalistas, nosso propósito aqui é mudar nossa natureza. E embora soe como uma tarefa simples, requer força de vontade para ser alcançada. A cada grau de mudança, diz o Cabalista, despertamos e geramos mais Luz em nossas vidas.

As explicações metafóricas reveladas na Cabala decompõem-se em um sistema de física. Atingir um maior nível de consciência ou a união com a Luz não significa a aceleração através do hiperespaço até a décima dimensão. Não se trata de orar para falsos ídolos, tais como dinheiro, poder, fama, beleza física, reconhecimento etc. Antes, é um sistema através do qual se aprende a resistir à nossa natureza reativa, e ao fazer isso, alcançar de volta uma igual medida de plenitude, felicidade e paz interior.

A sabedoria cabalística nos fornece as ferramentas para melhorarmos a nós próprios e às situações, individual e coletivamente. Por exemplo, se você compreende que está aqui com o único propósito de modificar sua natureza, você também pode compreender que convidou seu conjunto particular de circunstâncias na vida, a fim de poder transcender além do poder do impulso.

O Rabino cabalista Yehuda Ashlag explicou isto em termos de um relacionamento entre uma pedra, que foi desbastada de uma montanha por um golpe de machado, e a própria montanha. Uma vez retirada, a pedra assume sua própria identidade, simplesmente devido à separação. Mas no cerne, a montanha e a pedra são de mesma substância. Se a pedra for devolvida ao seu local original na montanha, novamente assumirá a identidade da montanha.

Considere que a montanha é a Luz Infinita, ou Deus, e nós somos as pedras separadas da Luz. É a não similitude de nossa natureza com a Luz (receber versus compartilhar ou reação versus pró-ação) que é o ponto crucial que nos separa da plenitude infinita. No momento em que adquirirmos os atributos da montanha, ou da Luz, em nossa vida cotidiana, removemos um grau de separação.

Em outras palavras, nos tornamos como Deus nesta instância. Como Deus, podemos ser a causa e estar em completo controle da situação. Podemos literalmente criar milagres em vez de estarmos aprisionados ao caos do mundo e ao desejo de receber somente com fins egoístas. ...tudo como resultado de se perguntar por que.

Fim





O Cabalista Rav Philip Berg recebeu sua ordenação como Rabino na renomada instituição em estudos da Torá, Va" Daat, no Brooklyn, Nova Iorque, em 1951. Foi escolhido como aluno inaugural no Beit Midrash Elyon, uma das poucas Ieshivás nos Estados Unidos dedicada a estudos avançados e de pós-graduação.

Estudou com o eminente Rabino Reuvan Grazovsky. Continuou seus estudos em Lakewood, New Jersey, sob a liderança do mundialmente conhecido Rabino Aron Kotler. Recebeu sua instrução sobre Cabala de seu amado mestre e professor, eminente Rabino Cabalista Yehudah Brandwein, discípulo do querido Rabino Cabalista Yehuda Ashlag. Autor de mais de 25 livros sobre Cabala. A linhagem histórica dessa escola de pensamento pode ser reconduzida ao segundo século.



Dr. Michio Kaku é uma autoridade internacionalmente reconhecida em física teórica. Possui o título Henry Semet de Catedrático em Física Teórica na cidade de Collage e no Centro de Graduação da Universidade da cidade de Nova Iorque. Seu objetivo é ajudar a completar o sonho de Einstein sobre a "teoria do tudo", que irá unificar todas as forças fundamentais no universo. Ele tem conferenciado por todo o mundo, e seus livros didáticos em nível de Ph.D. são leituras obrigatórias em muitos dos maiores laboratórios de física. Escreveu 9 livros; seus dois últimos, Hyperspace (Hiperespaço) e Visions (Visões), tornaram-se best-sellers.



Fred Alan Wolf, um PhD. em física teórica, é um físico consultor, escritor e conferencista. Wolf ganhou o Prêmio American Book pelo livro Taking the Quantum Leap (Dando o Salto Quântico). Seu livro, Star Wave: Mind, Consciousness and Quantum Physics (Onda Estelar: Mente, Consciência e Física Quântica) foi aclamado pela crítica na primeira página do caderno Resenha do New York Times como "um salto brilhante e original para o futuro." Ele costuma viajar pelos Estados Unidos e pelo mundo proferindo conferências sobre a nova física e consciência.

***Compilação: Ajaenna E. Ziman


Muita "LUZ" e Bjks!!!

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