domingo, 20 de julho de 2008

*** CABALA NÂO É SÓ PARA JUDEUS ***


Meus queridos, a Cabalá é uma preciosidade garimpada em séculos de reflexão e experiências profundas e espirituais, que correu por fora das garras da intolerância e da arrogância prepotente dos fundamentalistas.


A Cabalá sempre partiu do princípio elementar de que, todo aquele que não caminha se desfaz.


Tentar uniformizar o Sagrado contradiz até mesmo a natureza do pensamento judaico. O judaísmo se baseia na estrutura central do mutável deserto.


Sendo assim, todo aquele que deseja ascender pela escada do auto-conhecimento, deve ir ao deserto, à intempérie, para começar de novo, para renascer no contato com a realidade que se vive de momento a momento. É preciso ir, libertar-se das idéias petrificadas, as torres de poder.


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O fundamentalismo é "mitzraim" (egípcio), é a estreiteza e o fechamento e Ivri (hebreu), é o que "vem do outro lado" e vai para o outro lado, e nunca termina de ir, nômade em busca da proximidade permanente com o Criador. O cabalista é um eterno viajante entre os mundos, físico e espiritual, procurando encontrar sempre um meio de enxergar a margem espiritual do mundo físico e a margem física do mundo espiritual.

No fundamentalismo religioso predomina o espaço estreito, a asfixia cômoda da repetição alienada, dos substantivos estáveis, calmos e seguros. Despretensiosos. Já os outros, os cabalistas são os transeuntes, os que vagam, caminham.

Cabalistas são pessoas que não dispõem de torres, nem de pirâmides de poder. Fanáticos religiosos querem erguer malditos muros. Monumentos aos próprios atributos. Esfinges de si mesmo. Torres. Ortodoxia de Babel.

Ser um cabalista é valorizar o momento, em detrimento do monumento. O fundamentalismo é a cultura das torres, das prisões de ferro, de cimento e de idéias.

O Sagrado não conhece rotinas seguras.

Esse é o perigo do fundamentalismo religioso e suas Torres de Certezas absolutas e para todos. E este é o mistério por trás da Torre de Babel. Ela (a Torre) quer que tudo esteja organizado, fechado, visível e SEGURO.

E muitas tolices podem ser cometidas em nome da segurança. Os construtores da Torre de Babel queriam a segurança. A Inquisição surgiu movida por fanáticos que queriam SEGURANÇA, o nazismo, maldito seja, também vendia um mundo mais "preservado", "seguro", "perfeito". Todas as grandes opressões políticas e sociais nasceram em nome de um suposto "estado de segurança". A segurança de uma só forma de pensar, um só discurso, uma só reação na mesma direção, tudo programado, organizado, um grande totalitarismo de idéias, afetos, emoções e devoções. Sem surpresas. Tijolos, Fixidez. Estabilidade. Assim os homens do conhecimento construíram a Torre de Babel, "cuja cabeça alcançava os céus". E negavam, com isso, toda a experiência particular de D'us.

A proposta dos pseudos-cabalistas é simples: Constrói-se uma "torre", liga-se céu e terra, e obtém-se um caminho fixo e imutável, e todos dormem apaziguados, e não precisam sonhar com escadas (como fez Yacov), e nem mesmo precisam sonhar. Todo o sonho e toda particularidade do encontro com o Sagrado deve ser proibido pelos senhores das torres.

Querem destruir D'us, o futuro, a aventura do movimento. Querem paralisar a história. Os deuses são eles, os "construtores" da moralidade religiosa.

Segurança e rotina conservadora. Era o primeiro paradigma de Mitzraim (Egito), o lugar fechado, a prisão.

E que será se poderia encontrar escondido por baixo e por dentro de tanta magnificência de tijolos, decoração, pedra, arquitetura deslumbrante.

Escravidão mental, soberba espiritual, prepotência arrogante.

E qual foi o pecado da Torre? O pecado não foi a "torre", o pecado não foi "babel", o pecado foi uma só língua. "E toda a terra era uma só língua" (Gênesis,11) Uma só língua, uma só expressão do sagrado pode ser algo muito perigoso.

Uma só língua não tolera outra língua, não tolera outra forma de pensar, não tolera o diferente, não tolera o outro.

E assim, perdendo-se o olhar para o outro, perde-se a contemplação, perde-se o Templo perde-se o tempo erguem-se as prisões e constroem-se as farsas.

O que sobra disso tudo?

Sobra a constante tentativa da ortodoxia fundamentalista, de fazer-se o único legítimo representante de tudo. Sobra palavras de ordem, sobra arrogância, sobra posturas "denunciatórias" sensacionalistas e vazias. Falta espiritualidade, argumentos inteligentes e sobretudo coerência.

Todos os que estejam com o coração e a mente aberta, são bem vindos a esta comunidade e são convidados a sentar em nossa "mesa". O resto, bem o resto que continue gritando.... bem de longe. Nós, cabalistas, reconhecemos todas as demais manifestações da espiritualidade, reconhecemos toda e qualquer interpretação que se possa levar ao Sagrado, mesmo que não venhamos a compactuar com estas visões.

Quanto aos desesperados, ao invés de discordar de nós, dizem que não existimos, deixam de ser rabinos, cabalistas, espiritualizados e entram para o rol dos que disputam poder e território. Como se isso realmente fosse possível.

Formam-se assim os velhos novos dormentes.

A Cabalá do Reconhecimento

15:14 Quando um estrangeiro (guer) residir convosco ou estiver entre vós em vossos ciclos, ele fará o fogo, odor agradável para Yihavehá. Ele fará como fizerdes.

15:15 Assembléia, mesma regra para vós e para o estrangeiro (guer) residente: regra de perenidade para vossos ciclos! Será assim para vós como para o estrangeiro (guer) em faces de Yihavehá.

15:16 Uma Torá e um julgamento serão para vós como para o estrangeiro (guer) que reside convosco"'.

Encontramos neste texto da Torá, na parashá Shelach, algumas informações importantes sobre o "guer". O "guer" é todo aquele que, mesmo não tendo nascido dentro da tradição, assim mesmo adere aos ensinamentos da Torá e Cabalá, guiando sua vida nos parâmetros da Sabedoria Espiritual.

É aquele que, estando perdido, procura as Verdades Objetivas do Mundo Espiritual e se prepara para RECONHECER a Unicidade da Luz do Mundo Infinito. Quando o "guer" passa a adotar a sabedoria espiritual da Torá, é como se a sua alma retrocedesse até o Monte Sinai, e lá, recebesse igualmente a Torá. A Torá, nos ensina a importância do "guer". E os textos místicos falam especialmente da importância do "guer", no advento da Era do Mashiach. Os antigos cabalista afirmaram que muitas almas da tradição, encarnariam entre as nações para difundir os ensinamentos da Torá a todos os povos.

É normal que uma pessoa tenha alguma profunda missão (tikun) dentro da Cabalá, mesmo tenho nascido fora da tradição. Sim, pois foi exatamente isso o que aconteceu com Avraham e outros grandes mestres de nossa tradição. Este é o significado da expressão:

"quando um guer residir convosco ou estiver entre vós em vossos ciclos (reencarnação)".

A palavra "guer" aparece no texto da Torá com o sentido de "estrangeiro". Sua raiz de significado "residir, habitar", transmite uma sensação de transitoriedade. "Moradores temporários vocês foram em Mitzraim" diz o texto da Torá, "vocês foram estrangeiros, vocês foram moradores temporários sentados sobre suas malas e vocês foram "conversos" em meio a outros".

Sendo assim, Rav Avraham Abuláfia nos ensinou que o conhecimento, a sabedoria da Cabalá Contemplativa é destino a toda a humanidade.

Mas o que é afinal a Cabalá?

O que é afinal a Torá?

Seriam os ensinamentos da tradição necessário a todos?

Para os cabalistas, o "guer" também representa um grau, um estágio transitório da alma dentro do mundo físico. Quando estamos confusos em relação ao nosso papel neste mundo, quando nos sentimos estranhos diante das leis de causa e efeito, somos como "estrangeiros" nesta dimensão. Para nos familiarizarmos com as leis que formam e governam o nosso mundo temos que ter acesso as chaves da Cabalá. Há um aspecto "guer" em cada um de nós, uma consciência estrangeira e repleta de dúvida em um mundo estranho e confuso. O "guer" também estaria ligado aos aspectos transitórios de nossas emoções, oscilando entre a certeza e a dúvida, criando um estado caótico de impermanência. Uma das maiores ignorâncias difundidas no meio religioso é a idéia de que a Torá e a Cabalá pertence apenas a um grupo específico e seleto de pessoas. Uma coisa importante é entender que a Cabalá antecede a qualquer religião ou teologia. Foi dada à humanidade pelo Criador, muito antes do surgimento das religiões. De acordo com os ensinamentos da Cabalá, o universo opera dentro de determinados princípios e regras. Quando aprendemos a compreender e agir de acordo com esses preceitos, geramos luz para nossas vidas e para toda a humanidade.

A Cabala nos dá o poder de compreender e viver em harmonia com essas leis - para usá-las para benefício nosso e do mundo e para nos remover da ignorância e desta forma não nos sentirmos mais como estrangeiros nesta dimensão.

A Cabala é um métodos práticos para realizar metas valorosas dentro dessa realidade. De forma simples, a Cabalá lhe proporciona as ferramentas que você precisa para trazer a Luz do Criador para sua vida.

E quanto a Torá?

Com que propriedade podemos afirmar que a Torá é um legado para toda a humanidade?

Rav Shimon bar Yochai, o autor do Zohar, dizia que em sua própria geração havia grandes escritores seriam capazes de compor histórias bem mais interessantes do que os relatos que aparecem na Torá. E ainda por cima, ele classificou todos esses rabinos, estudiosos e filósofos que tomam a Torá literalmente como inteiramente tolos. A Torá não é um rolo sagrado que tenta definir a moral e a ética adequadas pelos quais o ser humano deveria viver. Esta talvez seja uma das concepções mais equivocadas da religião - um equívoco que contribuiu para milhares de anos de sofrimento, perseguição e pré-conceito. O fato é que devemos "fazer o fogo" - como nos ensina a parashá e iluminar a nossa visão. Não a visão física e sim a visão da alma. O "fogo" mencionado na Torá é também uma palavra código para o corpo de conhecimento de Maassé Bereshit (Compreender a Obra da Criação). Maassé Bereshit nos abre a visão da alma. O olho como órgão físico está conectado com o nosso mundo físico do caos - conhecido em termos cabalísticos como a "Árvore do Conhecimento". A alma está conectada com uma realidade mais elevada com ordem e plenitude absolutas - conhecida pelo termo em código "Árvore da Vida." Somente a alma da Torá - a Cabala - pode nos apresentar a verdadeira compreensão e o verdadeiro significado espiritual do texto bíblico. A Torá funciona não apenas como um código formador do universo como também como um antídoto em relação ao caos que possa residir dentro do mundo físico.

Quando a Torá fala de matar, assassinar, roubar e de outras ações negativas, na realidade estamos recebendo uma vacinação para evitar que essas "doenças" recaiam sobre nossas vidas. A Torá é a vacina ou o antídoto, que nos protege e nos cura das forças negativas e destrutivas. Sem a Torá e a Cabalá, a vida se torna incerta, dúvida e "doença", o "guer" não se tornaria um "residente" da Sabedoria Espiritual.

E o que há de tão importante acerca da "dúvida"?

Segundo os cabalistas, a "dúvida" é a semente de todo o mal do mundo. Pois é um aspecto da alma que é incapaz de reconhecer a grandeza do Eterno em tudo o que se manifesta e existe. Todos nós temos, algum nível de dúvida.

Dúvida sobre nosso real potencial.
Dúvida sobre a existência da Luz do Mundo Infinito.
Dúvida sobre o nosso destino e sobre nossa capacidade de superar desafios.
Dúvida sobre a justiça.
Dúvida sobre as recompenses associadas ao comportamento positivo, espiritual.

Quando somos invadidos pela dúvida nos sentimos como estrangeiros no mundo físico. Para a Cabalá, Luz do Mundo Infinito está oculta, no mundo físico. Por isso, ficamos em dúvida acerca da Presença Divina. E é esta dúvida que permite o surgimento dos ataques (históricos) que os fundamentalistas religiosos fazem em relação aos cabalistas.

E é pela dúvida que não reconhecemos a grandeza do Eterno em tudo o que acontece ao nosso redor. Então, nos comportamos com intolerância. Colocamos a nós mesmos na frente dos outros. Duvidamos da existência do Criador e por isso nos sentimos confiantes de poder pessoal e das "verdades" subjetivas que criamos em nossa mente egocêntrica. Aceitamos bem com nosso comportamento insensível e nossa reatividade. Viramos as costas para a consciência espiritual e o desejo de transformação de caráter. Ficamos motivados unicamente pelo intelecto e pelo ego, e esquecidos de outros anseios que deixamos adormecidos em nossa alma. Quando estudamos a Torá e seus mistérios, por intermédio dos códigos da Cabalá, adquirimos a vacina contra a dúvida e o não-reconhecimento. Esta vacina é o "odor agradável para Yihavehá" como mencionado na Torá. Sem o conhecimento espiritual que decifra a história, a Torá se torna inoperante. Ela se torna um símbolo improdutivo, em vez de ser um instrumento incrível de poder.

Ainda pior...

Ainda pior, os sábios nos dizem que se alguém simplesmente aceita a Torá literalmente - lendo-a com uma postura mental religiosa ao invés de se conectar com ela num nível espiritual - a Torá se tornará um veneno.

A Cabalá nos ensina que todas as pessoas nesse mundo são pessoas comuns, não há nenhum tipo de "eleição" prévia sobre qualquer pessoa. Entendemos que existem três estágios essenciais da alma: o "gói" é aquele que se encontra "escravo" de suas emoções e aprisionado em suas "verdades" (mentiras) subjetivas, ignorante da Sabedoria Espiritual, o "goi" é completamente dominado pela energia negativa de Nachash. Há ainda o "guer", que é aquele que transita no meio da verdade mais por ser "estrangeiro" e sujeito aos aspectos transitórios das emoções se perde e não reconhece a unicidade e os movimentos da Luz do Mundo Infinito.

O objetivo final da alma é tornar-se um yehudi (palavra se foi posteriormente transliterada como "judeu"). Um dos maiores equívocos da história foi a conclusão de que o judaísmo seja algo transmitido por uma hereditariedade fechada. Yehudi, como tudo dentro da Sabedoria Espiritual é um estado de consciência, onde reconhecemos a natureza fundamental de nossa alma. Quando entramos dentro de nós mesmos e descobrimos a unicidade e a permanência da Luz do Mundo Infinito.

Avraham foi o primeiro yehudi

Avraham foi o primeiro yehudi.

E como alcançou este estagio espiritual?

Por que era filho de mãe judia?

Por que foi convertido dentro dos moldes da ortodoxia?

É claro que não.

A formula encontrada na Torá é bem clara: "vai para dentro de ti, de tua terra, de teu nascimento, da casa de teus pais, rumo à terra que te farei ver".

Essa é forma como o primeiro "guer" tornou-se um "yehudi".

Inicia-se por um mergulho interno, um "vai para dentro de ti" mesmo e descobre o que encontra lá dentro de sua alma.

Sendo assim, o chamando não é para uma religião e sim para um auto-conhecimento, independente de ancestralidade e origem pois o essencial é a experiência interna do encontro, mesmo que para isso seja necessário "partir de tua terra, de teu nascimento" e até mesmo "da casa de teus pais". A Luz indica que Avraham deve seguir a "terra que te farei ver". Quem faz ver (reconhecer) a terra (tradição) é a Luz e nada mais.

Tornar-se yehudi é então um ato de "ver", de reconhecer, muito mais do que ser visto ou ser reconhecido. Não ser "reconhecido" o equipara historicamente aos nossos ancestrais. Os romanos não nos "reconheciam" como parte de um propósito Divino. A inquisição não nos reconheciam como iguais em alma e espírito. A Alemanha nazista não nos reconhecia como gênero humano. Yosef não foi reconhecido pelos irmãos. Por isso, aprendemos, na Cabalá, que o gesto, de não reconhecer está diretamente ligado a uma limitação de alma que não o permite identificar o sagrado habitando dentro da legitimidade do outro. Cegos, ao não reconhecer o fundamentalista se liga aos exemplos mais torpes da história.

Mais de onde deriva o termo "yehudi" (judeu)?

Encontramos sua origem na própria Torá em referência à matriarca Leá quando foi dar o nome de seu filho Yehudá, "Desta vez eu reconhecerei a D'us" (Bereshit 29:35).

O nome "yehudi" deriva de Yehudá e possui sua raiz etimológica na palavra "hoda'á" que significa "reconhecer", "identificar". Tudo profundamente conectado aos mistérios da sefirá Hod, na Árvore da Vida.

Hod contem o atributo do reconhecimento, "aquele que reconhece" e por isso está ligado ao Eterno. No campo fisiológico, segundo os sábios da Cabalá Contemplativa ao atributo da defesa imunológica, capaz de reconhecer (no corpo) o que é negativo evitando desta forma a doença. Reconhecer e identificar a Luz do Mundo Infinito é o meio de ser yehudi.

contrário, que seria o não-reconhecimento, é ligado a falta de refinamento (virtude de Hod), e em última instância, a doença da alma.

Os verdadeiros cabalistas são aqueles que deixam de ser escravos (goi), saem da transitoriedade, incerteza e não reconhecimento do estrangeiro (guer) e aprende a reconhecer a Presença Divina dentro do mundo físico.

Não há diferença alguma entre um judeu e um não-judeu, além da centelha do Criador que se encontra dentro do verdadeiro "yehudi" (o reconhecedor) que percebe a verdade e a Luz do Mundo Infinito dentro do mundo físico e dentro do outro.

Isso significa que se essa centelha existe na consciência de uma pessoa, essa pessoa é chamada yehudi. Se essa centelha desaparece mesmo o yehudi torna-se um "guer", ou mesmo um "goi", escravo de seus condicionamentos robóticos e alienado de consciência.


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" A FARSA DA CABALA CARTA HUMANISTA "
Ortodoxia de Babel

Criei esse tópico para denunciar a ação de alguns fanáticos religiosos que andam tentando criar uma inquisição, que tal qual a outra, de "santa" nada tinha.

O que há, na verdade, por trás disso tudo?

Devo iniciar por uma grande reflexão presente dentro da história da Torre de Babel. Um dos fatores mais impressionantes que compõem a história da Torre é o fato de que a mesma foi construída por ilustres eruditos de seu tempo. Inovadores do sagrado, homens que tentaram, movidos pela arrogância, re-inventar a roda do sagrado e tomar para si, o que pertence ao Julgamento Divino. O mesmo ocorre aqui no mundo virtual. Impelidos pela arrogância e pelo despropósito, alguns (poucos) fundamentalistas ortodoxos promovem uma verdadeira onda de ódio e ataques infundados aos representantes desta milenar tradição. São, na grande maioria ignorantes travestidos de "eruditos", com retóricas prolixas e previsíveis. Fruto de uma competitividade estúpida e nada espiritual.

Só posso entender isso como um espasmo de desespero de identidade. Identidade essa que só se sente dentro de seu propósito quando nomeia um "inimigo" fantasioso, quando aponta hereges imaginários e cruzadas enlouquecidas. Sinto pena de seus mundinhos acinzentados e estreitos, tal qual suas mentes.

Tudo é possível em nome de tanta estupidez, ameaças anônimas, mentiras primárias e infantis, entre todo o tipo pífio de manipulação.

Mais não seria a ortodoxia fundamentalista, uma digna mantenedora das antigas tradições?

Não. A ortodoxia é um produto do mundo moderno, e como toda NOVA manifestação soa muitas vezes tão destemperada quanto alguns movimentos reformistas. Esses que tentam, em vão, se apoderar da Cabalá, são fanáticos desesperados cujo único potencial congregador se dá pela unidade do ódio gratuito.

Ortodoxos são os donos de tudo, de D'us, da Torá, da experiência pessoal do sagrado, de Israel, das conversões e AGORA, até mesmo da Cabalá. Essa é a ilusão que os nutre. Saibam todos, que existem grandes escolas de Cabalá dispostas a ensinar os fundamentos desta preciosa tradição a todos os que estejam dispostos a aprender e beber de sua fonte.

Justo a Cabalá, que sempre foi o pensamento "marginal" da religião oficial e que ao longo da história sempre teve como maior obstáculo a própria ortodoxia fundamentalista. Moisés não era ortodoxo. Rav Shimon Bar Yochai não era ortodoxo. Tão pouco o foi, Nehuniá Ben HaKaná, Baruch Togarmi, Avraham Abuláfia, Itzchack Luria, Moshé Chaim Luzatto e Baal Shem Tov. Todos, todos foram perseguidos e massacrados pelo fundamentalismo, intransigente, incoerente e incompetente de seus tempos.

O que dizer das perseguições sofridas por Rav Avraham Abuláfia, no século XIII? De onde vinham os ataques? Vinham de fanáticos fundamentalistas de seu tempo. O que Abuláfia, com muita propriedade chamou de "os dormentes".

Fundamentalistas se apoderam de uma profunda incoerência e discursos pré-formados, retórica implacável e erudição exemplar dos que constroem "torres" de idéias. Idéias cuja única ganância é destruir o que é diferente.

Lhe dirão que este e aquele movimento espiritual não são "legítimos" por causa da HALACHÁ (Código de Leis Judaica).

O que eles não explicam, talvez por que não saibam é que "halachá", literalmente significa "forma caminhante". E é no momento desta "caminhada" que se pode ver a incoerência absurda dos fundamentalistas pois os mesmo não se movem nunca.

Quando a opinião do diferente é descartada, quando há indiferença e se busca desqualificar a experiência sagrada do outro (dos outros), criamos um mundo onde torna improvável a convivência lúcida e equilibrada. Surge neste instante a pobreza espiritual desastrosa, danosa e muitas vezes criminosa.

Mais o que é então esta onda de ataques que surgem dentro deste universo virtual? Trata-se de uma guerra ideológica e de interesses toscos. Há claramente um grande medo e uma enorme insegurança por parte de grupos radicais, cada vez mais impopulares em suas tentativas de angariar "fiéis" mantenedores.

E na onda desses medos conspiratórios a estupidez ganha forma, talit e "aromas" diversos.


*Raziel Malach - postado no orkut comunidade "Cabala, Kabbalah"



Fique na Luz Divina !!!

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