domingo, 21 de junho de 2009

O Fio de Prata: Amor é Ódio‏


Tudo o que é distribuído sem critério, perde o valor e a essência...

A importância de se aceitar e de valorizar ambos os sentimentos e a formula mais simples é correta, afinal somos humanos e temos os dois sentimentos gritando constantemente de dentro do nosso interior.

Mas valorizar um mais do que o outro, é também a fórmula da universalidade que vulgariza... perdendo-se o Sagarado!



Amar a todos não é apenas ofender o amor, mas é mentir para si mesmo. Odiar a todos ou indiscriminadamente é da mesma forma, mais do que um ato de estupidez é também um suicídio. Temperar os relacionamentos com esses sentimentos humanos e julgar cada um conforme ele realmente merece é a chave da sabedoria. O Amor busca união, o Ódio separação "Solve et Coagula" Um sem o outro é um caminho sem volta para um extremo sem sentido...

Mas ao falarmos de amor e ódio, esquecemos que as emoções não são tão simples assim. O conjunto de sentimentos humanos está mais próxima de uma escala musical do que de um alfabeto. Muitas são as combinações e enorme é a área cinza que separa o amor e o ódio em seus estados mais puros. Nessa imensidão encontramos sentimentos que fogem a classificação,mas que podemos chamar de amoródio, seguindo a sugestão de Bhagwan Shree Rajneesh.

O imaginário romântico criado por anos de repressão da humanidade criou a idealização do amor platônico como a única saída de expressão da libido e uma persistente dificuldade geral em enxergar o caos e o cosmo como partes de uma mesma e única coisa. O alvo do seu amor pode ser também alvo de ódio. Essa relação é muito bem ilustrada na mitologia católica na relação de amoródio entre Deus e o Diabo, mas acontece em níveis muito mais próximos e humanos também.

Quando amamos algo ou alguém é natural que busquemos nos aproximar. Mas essa aproximação revela aspectos antes desconhecidos, que podem por sua vez gerar sentimentos de ódio e repulsa. Uma visão limitada e maniqueísta não consegue lidar com essas informações. É o caso de alguém por exemplo que ataca pessoas por não concordar com seu modo de vida ou de alguém que abandona totalmente um grupo porque se sentiu ofendido com os atos de algum de seus membros. É o caso ainda de inúmeros relacionamentos amorosos no qual a realidade depois do casamento se revela humana demais para o amor idealizado.

Resta a pergunta: como lidar com o amoródio? Devemos amar o próprio ódio. Isso pode ser conseguido por meio de uma dialética comportamental que enxergue as coisas em grande escala e nunca em uma perspectiva isolada. faça um exerício pessoal e liste cinco coisas que você profundamente odeia naquilo que você mais ama. Depois faça uma lista de dez coisas que você sinceramente ama naquilo que você mais odeia.

Agora, contemple a lista. Não se trata de uma constradição ambulante mas de um retrato realista de como a mente humana funciona. Tudo é odiável, tudo é amável. A partir dai, nunca mais busque uma simples negação e aceitação absoluta de nada. Muito melhor do que isso é se aventurar em uma constante sintonia fina entre aquilo que queremos e aquilo que suportamos. Uma paulatina exploração de nossa própria personalidade em busca do fio de prata entre o ódio e o amor.




Podemos dizer que odiamos aquilo que nos é importante assim, amoródio são sentimentos de forças descomunais que abrem caminhos para que o homem possa desenvolver suas qualidades inatas: amar quem merece

Por outro lado tais sentimentos caminham sobre o fio da navalha, mexem até com o estado físico, podendo criar doenças psicossomáticas uma vez que o sentimento não possui uma válvula de escape.

Criar uma válvula de escape é de suma importância para entender como tais forças agem no interior de nossa mente (Andarilho)




Um tema muito bem focado nas relações humanas, duas polaridades opostas que se contrabalanceiam em sua essência ou mesmo sendo parte da mesma energia.

Conforme Mônica Griesi(terapêuta)podemos descrever o ódio como uma paixão que nos impele a causar ou desejar mal a alguém.

Ora, se ódio é paixão e esta um sentimento intenso que sobrepõe nossa lucidez e razão, o que encontraremos aqui é o apego, ou seja, o lado egoísta da relação.

Neste caso, preocupamo-nos muito mais com a satisfação de nossos desejos pessoais, com nossas carências, com o controle do relacionamento afetivo, do que com a nossa capacidade de expressar o amor de forma incondicional.

Várias pessoas costumam acreditar que amam realmente alguém até surgir um obstáculo na relação. Quando o outro, por ação ou omissão, deixa de satisfazer seus desejos, muda seu padrão de comportamento, faz uma nova escolha, ou seja, começa a se afastar daquele modelo por elas idealizado, o sentimento de intensa frustração instala-se, levando-as a se fixarem no desejo de destruição daquele que julgam ser o grande culpado pela intensa dor emocional que atravessam.

Isto acontece porque costumamos entrar nas relações imaginando que o outro nos completará, satisfazendo nossos desejos e idealizações. Esquecemos, porém, que não podemos completar aquilo que só a nós compete: o preenchimento de nosso vazio interno. Que a relação envolve sentimentos de compreensão, companheirismo, troca, o saber ceder ou esperar.

E, o mais importante, de que as pessoas não são nossos ativos, mas sim nós é que pertencemos ao mundo, tendo liberdade de vivências e escolhas, sejam estas agradáveis ou não para nós ou para o outro.

Relação é conhecimento, é crescimento e que este pode se dar de inúmeras formas. Muitas vezes, quando nos relacionamos com alguém, costumamos ativar dinâmicas psíquicas não bem resolvidas em ambos, as quais resultam numa interação patológica.

Isto pode ser facilmente observado nas situações onde a perfeição do outro se torna condição sinequanon. Nestes casos, quando nossas expectativas não são correspondidas, acabamos por gerar sentimentos de hostilidade que se transformam num jogo de culpas, cobranças e no aniquilamento das pessoas envolvidas.

Esquecemo-nos, porém, que enquanto nos "pré-ocupamos" em nos punir ou levar o outro à tortura, deixamos de viver novas experiências, de fazer novas escolhas, de aprender com o suposto erro, de nos respeitarmos enquanto seres merecedores de amor e compreensão e de encontrar o nosso verdadeiro caminho.

Cumpre-nos lembrar aqui também, que a dinâmica amor e ódio pode ser encontrada naqueles indivíduos que cultivam sentimentos de ciúmes. Isto porque o ciumento não consegue desenvolver o amor autêntico por confundir todas as relações com uma necessidade narcísica.

Em outras palavras, estas pessoas não conseguem amar, mas sim precisam de um sentimento que são amadas, o que justifica que suas perdas sejam revestidas de uma posterior substituição.

É diante da ameaça da perda que elas transformam sua paixão em ódio, sentimento este que reflete a baixa auto-estima e insegurança que as assolam.

Finalizando, lembre-se de que um verdadeiro encontro de almas só ocorre quando existe o real desapego e isto só é possível quando aprendemos primeiramente a nos amar, a nos respeitar e a nos valorizar, através do nosso autoconhecimento, ou seja, do contato com a nossa essência.

Em matéria de amor é importante ressaltar que as pessoas ficam juntas, não por necessitarem umas das outras, mas sim pela satisfação que sentem em compartilhar um mesmo sentimento, um mesmo ideal.

O amor não precisa de condições, ele basta por si só. Sendo assim, se apenas podemos refletir no mundo aquilo que temos dentro de nosso ser.

A força do ódio é muito grande. Grandes grupamentos humanos podem se irmanarem através do ódio (à um inimigo comum) ou se destruírem (numa relação do tipo perseguido-perseguidor).

De qualquer forma, o ódio tem uma predileção especial para se nutrir das diferenças entre o outro e o eu e, de acordo com observações, onde se cruza com o ódio há, um excesso de sofrimento físico e psíquico.

O sofrimento e o ódio são tão próximos e íntimos que cada um acaba se tornando a causa do outro (Haborym)


***Extraído do Morte Súbita



"LUZ" e Bjks!!!!!

Nenhum comentário: