domingo, 21 de junho de 2009

A Roda do Ano em nossas vidas Feliz Yule‏


A Roda do Ano em nossas vidas o que é "Yule" escrito por uma amiga 'Bruxa do Bem' que recebi e compartilho com todos, espero q gostem e aproveitem .........



A Roda do Ano é uma sacralização do real, do que realmente acontece na Natureza, mas também é cheia de simbolismo. Esse simbolismo vem da observação daqueles que, durante séculos, escreveram seus textos sagrados e rituais.

Tudo o que é dito no mito da Roda do Ano é um reflexo do que acontece na Natureza, tanto em humanos quanto em animais ou plantas. É a famosa frase: Tanto em cima quanto embaixo. Ou seja: o que acontece no reino dos deuses acontece conosco.


Assim, a Deusa e o Deus se unirem em Beltane significa toda a fertilidade da Terra naquele momento. Não é à toa que o mês de maio é o mês tradicional para casamentos (Beltane é celebrado em maio no hemisfério norte). Algumas tradições pagãs realizam em Beltane o ritual de união de casais (também conhecido como handfasting) , onde o casal faz seus votos por um ano e um dia, e em Beltane próximo decidem se querem renovar esse voto ou se separar. Simples assim. Em Beltane, a Natureza transborda vida.

No solstício de verão, é o auge do Deus Sol. Trata-se do dia mais longo do ano e, a partir dali, bem lentamente, os dias começam a ficar mais curtos. Muitas pessoas não costumam reparar nisso, mas a partir do momento que você passa a observar você vê como isso é visível a todos. Não só o Sol começa a enfraquecer, mas todos nós vamos ficando mais introspectivos à medida que o inverno vai se aproximando.

Na colheita dos grãos de Lammas você começa a ver como a decadência do Sol fica mais evidente. Ele está se despedindo.. Se sacrificando pelos grãos que nasceram. O verão está nitidamente acabando; podemos sentir isso no alaranjado do céu, na sensação de "fim de férias" e a volta aos afazeres tradicionais.

O outono chega e você percebe de vez que o inverno vai chegar. Mais um ano se passou e ficamos com aquela sensação de introspecção; vontade de ficarmos contemplativos e reflexivos. O inverno está vindo e o que fizemos de novo? O que podemos realizar no ano novo que virá?

Os dias estão cada vez mais escuros e a reflexão interior nos faz lembrar do que passou.. Lembramos não só do que fizemos no último ano, mas em toda a nossa vida. Lembramos de quando éramos crianças, de nossos pais, de nossos familiares que já se foram… Samhaim. A escuridão prevalece e o véu entre os mundos está fino, propício para honramos nossos parentes que já se foram. Não é momento de ficar triste, mas de fazer festa para que nossos amigos que já morreram vejam como estamos felizes por eles. Quem disse que a pessoa quando morre fica triste? Triste ela irá ficar se vir você triste aqui, portanto, alegre-se! este é o momento de dizer o quanto a vida é boa, apesar dos problemas comuns, e como sentimos falta de nossos antepassados.

No solstício de inverno, a noite mais longa do ano, percebemos o quão conectados estamos com a Deusa e o seu filho que nasce. A Terra está pura, no início dos tempos novamente. Novas esperanças renascem; projetos emergem das cinzas. A escuridão nos remete ao renascimento de todas as coisas, inclusive de nossas próprias atitudes e sentimentos.

Da mesma forma que a Lua Negra se torna Crescente, a Deusa anciã da escuridão se torna a Deusa jovem em Imbolc; a donzela dos novos ventos e esperanças. Os dias vão ficando mais longos e a primavera está chegando… O inverno já passou.

Cada vez mais o frio vai dizendo adeus e dando lugar ao Sol que volta forte, como no início, crescendo e amadurecendo até chegar novamente em Beltane, onde a Terra será fértil novamente. E assim é a Roda; e assim é a nossa vida.

Sempre que você se deparar com algo na Roda do Ano que não consiga entender a princípio, reflita. Pode ser necessário você ter que esperar passar por aquele momento da Roda para entender realmente o que está sendo dito. talvez você demore anos para entender. Talvez você já tenha entendido. O que importa é que a Roda é um reflexo da nossa vida, em todos os aspectos. Observe a Natureza, observe os animais, observe seus parentes. A roda do Ano está em todo lugar.

Vamos Falar de Yule pois amanha é o dia

O solstício de inverno é a noite mais longa do ano. No entanto, a partir deste dia, o Sol volta cada vez mais forte, para chegar ao seu ápice no solstício de verão.

A palavra Yule (pronuncia-se "iúle") provavelmente vem da palavra escandinava "iul", que significa "roda". Sua data não é fixa, pois depende das correspondências astrológicas e climáticas de cada ano. No hemisfério sul, ocorre sempre por volta de 21 de junho, e no hemisfério norte por volta de 21 de dezembro.


Este dia marca a morte e o renascimento do Deus-Sol; marca também a derrota do Rei Azevinho, Deus do Ano Minguante, pelo Rei Carvalho, Deus do Ano Crescente. A Deusa, que era morte-em-vida no solstício de verão, exibe agora o seu aspecto de vida-em-morte, pois ela é a Rainha da Escuridão neste sabbat, mas também é a mãe que dá à luz a criança da promessa, que irá fertilizá-la mais tarde e trazer de volta luz e calor ao seu reino.

Apesar de no Brasil termos o costume de dizer que trata-se do "primeiro dia de inverno", a data por volta de 21 de junho simboliza o meio do inverno, ou seja, quando o inverno está no ápice. Tanto é que, originalmente, o nome é "middle-winter" (em inglês, meio do inverno)



***Sugestão de ritual para fazer no solstício de inverno
Veja este exemplo de ritual para celebrar o Solstício de Inverno.


Você vai precisar de:
- 1 vela representando a Criança da Promessa (pode ser dourada, amarela ou branca)
- 1 vela verde
- 1 vela vermelha
- taça com vinho
- seu caldeirão
- incenso de pinho

Coloque a vela dourada (ou da cor que você achou melhor dentro do caldeirão. Verifique se ela está bem fixa. Em seguida, coloque a vela vermelha ao lado direito de seu altar e a vela verde do lado esquerdo. Acenda os incensos.

Trace o círculo mágico da maneira como você costuma traçar e diga a seguinte invocação:

Eu hoje celebro o nascimento da Criança da promessa!
A Deusa é Mãe e eu invoco os espíritos da luz!
O Sol renasce!

Acenda a vela vermelha que está ao seu lado direito e diga:

Com esta vela eu honro os espíritos do Fogo!

Acenda a vela verde e diga:

Com esta vela eu honro os espíritos da Natureza!

Acenda a vela que está dentro do caldeirão e diga:

Com esta vela, que está no ventre da Deusa, na escuridão, eu celebro e honro a Criança da Promessa que nasce agora e traz a volta da luz!

Pelo chifre e pela luz,
Eu celebro e dou as boas-vindas ao filho da Deusa, que é o Sol renascido. Seja bem-vinda, criança divina!

Entoe um cântico em homenagem ao Deus renascido ou leia algum texto sagrado em sua homenagem. se quiser, medite sobre as características deste momento na Natureza e em sua vida. Quando achar que está bom, diga:

Abençoados sejam a Deusa e o Deus que giram mais uma vez a Roda da Vida. Dou as boas-vindas ao inverno e celebro o movimento eterno da Natureza.
Que o Sol volte a brilhar cada dia mais, e que todos sejam beneficiados com isso!

Eleve a taça com vinho e diga:

Eu bebo este vinho em homenagem à Deusa e à Criança Que Nasce!

Beba o vinho e faça uma libação aos deuses. Agradeça aos deuses pelo ritual. Finalize da maneira como está acostumado e destrace o círculo.




Árvore de Yule (árvore de Natal)
A árvore de inverno é um costume essencialmente pagão que já dura séculos. Esteve sempre tão impregnado entre os povos antigos que, mesmo após o advento do cristianismo, o costume permaneceu: no hemisfério norte, o Natal é no inverno (dezembro), e a árvore faz parte de todas as tradições natalinas.

Montar e enfeitar uma árvore é uma forma singela de homenagear os elementos e pedir sua proteção. Trata-se de uma representação de todas as árvores sendo honradas por você, portanto capriche.

Materiais necessários para confeccionar a sua árvore:
- um pequeno pinheiro verde
- pequenas bolas coloridas pintadas por você
- símbolos pagãos como sol, lua, estrelas
- pequenas velas

Na noite do solstício de inverno, acenda todas as velas que você colocou na árvore, fazendo um pedido para cada uma acesa.

Cante e dance em volta da árvore, festejando e honrando os espíritos da Natureza e os deuses: a Deusa que é Mãe e o deus que é a Criança da Promessa renascida nesse dia.

DICAS;

Árvore da Lua
Antigo símbolo que simboliza o curso da Lua, suas fases e seu poder sobre a Terra. Variações deste símbolo foram encontradas na arte etrusca, grega, romana e assíria.

A Lua representa o caminho para a iluminação e os frutos brancos da árvore simbolizam as suas sementes. A árvore da Lua normalmente é retratada com treze tochas ou treze flores. Na arte assíria, a árvore aparece muitas vezes ornamentada com fitas, bastante semelhante ao Mastro de Maio.

Acreditava-se que a Oliveira abrigava a Lua sempre que ela não estava visível.

Azeviche (âmbar das bruxas)
Termo oculto para uma pedra preta e sólida chamada azeviche, que na verdade são restos petrificados de florestas antigas.

Suas propriedades mágicas são a atração da harmonia nas emoções e o poder de equilibrar o mecanismo do corpo.

Como o azeviche é de cor negra, ele é associado á noite. Muitas bruxas e bruxos usam azeviches como amuletos durante o sono, para evitar ataques astrais. Combinado com um coral vermelho e uma cornalina, ele se torna um dos mais poderosos amuletos que uma bruxa ou bruxo pode ter.

Mito da Roda do Ano
Em Samhain, o Festival do retorno da Morte, os portões dos mundos se abrem e a Deusa transforma-se na Velha Sábia, a Senhora do Caldeirão, e o Deus é o Rei da Morte que guia as almas perdidas através dos dias escuros de Inverno

Em Yule, a escuridão reina como se estivéssemos no caldeirão da Deusa. Assim, o Rei das sombras transforma-se na Criança da Promessa, o Filho do sol, que deverá nascer para restaurar a Natureza.

Em Imbolc, a luz cresce, o Deus nascido em Yule se manifesta com todo seu vigor, e a Criança da Promessa cresce com a vitalidade e é festejada, pois os dias tornam-se visivelmente mais longos e renova-se a esperança.

Em Ostara, luz e sombras são equilibradas. A luz da vida se eleva e o Deus quebra as correntes do inverno. A Deusa é a Virgem e o Deus renascido é jovem e vigoroso. O amor sagrado da Deusa e do Deus é a promessa do crescimento e da fertilidade.

Em Beltane, a Deusa se transforma em um lindo Cervo Branco e o jovem Deus é o Caçador alado. Ao ser perseguida pela floresta, o Cervo Branco se transforma em uma linda mulher, e assim Eles se unem e a sua paixão sustenta o mundo.

Chega então Litha, A Deusa é a Rainha do Verão e o Deus, um homem de extrema força e virilidade. O Sol começa a minguar e o Deus começa a seguir rumo ao País de Verão. A Deusa é pura satisfação e demonstra isso através das folhas verdes e das lindas flores do verão.

Em Lammas, a Deusa dá a luz e o Deus novamente morre pela Deusa. A Deusa precisa de sua energia de vida para que a vida possa crescer e prosseguir. O Deus se sacrifica para que a humanidade seja nutrida, mas através do grão Ele renasce. No ápice de sua abundância, ele retira através Dela.

Em Mabon, as luzes e as trevas se equilibram novamente; porem o Sol começa a minguar mais rapidamente. O Deus torna-se então o Ancião, o Senhor das Sombras.

Chega novamente Samhain e então o ciclo recomeça, e assim tudo retorna a Deusa.

Assim sempre foi e será!

A Roda do Ano no hemisfério sul
As estações do ano aqui no hemisfério sul são invertidas, com relação ao hemisfério norte. Assim, quando lá é inverno, aqui é verão e vice-versa.

A Roda do Ano, em seu conceito original, foi criada por bruxas e bruxos que viviam no hemisfério norte. Dessa forma, é comum encontrarmos em livros e sites as datas correspondentes a esses países. Existem tradições em torno dessas celebrações.

Muitos pagãos preferem não alterar o sentido original da Roda e celebrá-la de acordo com as estações no hemisfério norte, de acordo com o original. Alguns outros celebram os sabbats menores de acordo com o hemisfério sul e os maiores de acordo com o hemisfério norte. Outros celebram a Roda pelo hemisfério sul mesmo, pois é onde estamos.


Há diversos motivos positivos e negativos para todas essas opções. Não há uma opção "certa". Se você quiser celebrar pelo sul, então você terá a chance de acompanhar na pele o frio do inverno durante a celebração, ou o sol em seu auge no verão, a chegada da primavera, as folhas caindo no outono. No entanto, ao celebrar pelo norte, você aproveitará a época de Halloween no final de outubro mesmo, dará ovos de Páscoa para seus amigos em Ostara e por aí vai. A celebração mista garante ambas as situações e acaba sendo a alternativa mais natural, porém depende muito de cada um. O que vale a pena lembrar é que a Roda do Ano não se restringe somente ao acompanhamento das estações, e a simples inversão de datas não é realista.

Trata-se de uma escolha pessoal, na verdade. A pessoa escolhe a maneira de celebração de acordo com o que pede o seu coração. Não há uma "dica" ou "fórmula" para escolher como celebrar. O mais adequado mesmo seria tentar celebrar de todos os jeitos, para ver como você se sente. De fato você sentirá no primeiro ritual que fizer, se não for a maneira com a qual você se sente melhor.

O que é muito importante é não se esquecer de que há outras pessoas celebrando também. Lembre-se da rede; da grande teia que nos envolve. Por mais que celebremos Beltane em novembro, não podemos nos esquecer que naquela mesma época nossos amigos do hemisfério norte estão celebrando Samhaim. E esse é um dos grandes baratos da Roda: ela não tem começo, nem meio, nem fim. Não há demarcação. Você pode entrar em qualquer ponto e já estará dançando junto com todos. E é importante respeitar também a história da cultura que você "segue". Trazer Samhaim para maio não é a mesma coisa que celebrar este sabá em outubro, pois não estamos na Bretanha! Não é só trocar as datas - há muita coisa diferente.

Em nenhum lugar do planeta a roda é igual. Até no sertão do Nordeste, onde temos aquela ideia constante de seca, há períodos de chuvas e inundações. O ideal é você observar tais mudanças no seu ambiente e adaptá-las para a Roda do Ano. Isso vai dar o seu toque à Bruxaria que você pratica. Isso que vai fazer você ter uma experiência realmente íntima com a sua religiosidade.

Obviamente é interessante você descobrir quais são os alimentos típicos de sua região para poder usá-los nos rituais para honrar a Terra e realizar o banquete. Há muito o que se descobrir! E nós devemos ser criativos!

O sentido de colheita pode nos ser muito mais simbólico que, de fato, real. No equinócio de outono, por exemplo, procure meditar a respeito das sementes que você plantou no outro ano, e o que você está colhendo agora. Foi compensador? O que poderia ter sido diferente? Qual sua relação nisso tudo? Mas não se esqueça de quem celebrou tudo isso com colheitas de verdade. Talvez você tenha suas próprias "colheitas". Observe a Natureza. Preste atenção. Essa é a dica de ouro.

A verdade é que a Roda do Ano é sem dúvida real, mas também é riquíssima em simbolismo. Quanto mais você vai lendo sobre, observa a Natureza em todas as épocas, realiza os rituais, mais você descobre uma coisinha aqui e outra ali. E é muito importante você anotar tudo o que está sendo desenvolvido dentro da sua mente e coração.

Celebrar pelo hemisfério sul pode ser complicado, especialmente para quem ainda é dependente financeiramente. Tem coisas que são assim mesmo: enquanto você não tiver a sua própria casa ou o seu próprio espaço, tudo pode ser bastante difícil.

Imagine celebrar o solstício de inverno em junho. O Natal é celebrado no dia 25 de dezembro, e tem basicamente o mesmo conceito das práticas pagãs sobre o solstício de inverno (mesmo porque o Cristianismo disfarçou muitas práticas pagãs chamando-as de cristãs). A própria árvore de Natal, com uma estrela no topo, é uma imagem clara de como as práticas pagãs sobreviveram há tantos séculos. Enfim, celebrar em junho pode ser bastante decepcionante, se você procura reunir a sua família, porque eles não vão entender muito bem o que está acontecendo (e não são todos aqueles que querem ouvir a sua explicação, infelizmente) . O mesmo ocorre com o equinócio de primavera e a tradição de pintar ovos. Se você decorar ovos em setembro e der para seus amigos, possivelmente vão tentar lhe fazer lembrar que a Páscoa é em abril. Ossos do ofício.

Quem celebra pelo hemisfério sul deve estar preparado para esse tipo de situação. Se você tem certa liberdade em casa, ou mora sozinho(a), pode ter mil ideias para celebrar em casa, chamar os amigos, mesmo a família, e é uma ótima oportunidade de estar junto deles. Lembre-se que a ancestralidade é muito importante na prática da Bruxaria. Provavelmente seus amigos ficarão curiosos e você poderá explicar (sem chatice) porque você está fazendo aquilo. Com toda a certeza eles acharam bacana e aproveitarão a oportunidade de ir em uma festinha, hehe. Não se preocupe. Aproveite a vida e harmonize.

Por mais que existam todos esses "probleminhas" na hora de "escolher" de que modo celebrar, nada disso é maior do que a sensação de acordar cedo no dia de solstício de verão e sentir o calor do sol, honrando a Natureza como um(a) bruxo(a) sabe fazer. Ou ficar em silêncio no fim da madrugada de Yule, esperando a criança da promessa nascer. São sensações indescritíveis e estão ao alcance de todos nós, pois independe de situação financeira, amorosa ou psicológica para sentirmos. A Natureza é o que é, sempre, e está aí para todos. Não pire tentando descobrir "qual a melhor forma de celebrar". Deixe a vivência falar por si própria.

Gambiarras na roda do ano
A gente sempre ouve as mais diversas discussões sobre celebrar a Roda do Ano "pelo Norte" ou "pelo Sul", todas com o mesmo blablabla de um lado e do outro. O fato é que quase ninguém pára para pensar de verdade no assunto.

Vejamos!


Uma celebração verdadeira da Natureza requer rituais a todo momento. Em um dia inteiro, temos "uma roda do ano completa" com o nascer do sol, seu ápice, sua morte etc. Alguém aqui celebra o nascer do sol ou espera apenas para o solstício de inverno? E o pôr-do-sol?

Claro, é compreensível que seja muito difícil hoje em dia poder celebrar um pôr-do-sol no dia-a-dia. Geralmente a esse horário estamos no trânsito da Marginal Tietê ouvindo "A Voz do Brasil" e apenas desejando desesperadamente chegar em casa, na faculdade ou onde quer que seja. Mas sabe, existem janelas mesmo nos carros.

O que mais me chateia nessa história de se dizer pagão ou não é a pessoa não valorizar o paganismo no seu dia-a-dia. Sabe, é muito fácil celebrar um sabá de equinócio de primavera e, no mesmo dia, tomar um banho de uma hora. O que tem a ver? Tem a ver que você não está honrando a água que lava o seu corpo, a água que te purifica, e está desrespeitando o planeta.

Mas tudo bem, não estou aqui pra dar sermão, mesmo porque eu não sou ninguém para fazer isso (e nem faria, caso fosse). É só um simples desabafo.

Aqueles que celebram a roda "pelo hemisfério norte" o dizem que fazem pela conexão com a egrégora gerada em tantas décadas em torno de tais datas, mas aí estamos ignorando o que está acontecendo com a Natureza ao nosso redor.

Você celebra a roda do ano "pelo hemisfério sul"? Puxa, parabéns pra você. Você acha que está adaptando a roda ao seu ambiente, mas não está.

Os celtas não celebravam os solstícios e equinócios. Há rumores de que tais datas sejam observadas, mas não celebradas como os quatro grandes festivais do fogo. E tais festivais são parte da cultura de um povo. Sua celebração não envolve só uma data e descrições superficiais das estações. Não é simplesmente pegar Samhaim e celebrar em maio porque você inverteu os outros quatro sabás. Não faz sentido. Ninguém vai celebrar a Lupercália em outra época que não seja a sua mesmo. E por quê?

Porque quando falamos de egrégoras e ancestralidade, estamos falando de pessoas, povos, culturas. Há alguns anos briguei com uma professora na faculdade porque Baco não é "a mesma coisa" que Dioniso, e ela dizia que era. Sabe, povos diferentes geram cultos diferentes e, consequentemente, divindades diferentes, assim como diferentes formas de cultuá-la.

O que quero dizer é que, da mesma forma como acontece com as divindades, celebrar um sabá simplesmente invertendo a roda do ano não o fará mais próximo da sua realidade do que se você celebrasse "pelo hemisfério norte".

Não estou falando dos solstícios e equinócios. Esses, obviamente, devem ser celebrados em sua época, onde você está. Estou falando dos principais festivais da cultura que você estuda e se dedica. No caso da celta, quantas pessoas sabem as origens do festival de Imbolc? Ou de Samhaim? E qual o sentido de celebrar Beltane em outubro? Sim, existe uma simbologia associada à época, mas o clima europeu é absolutamente diferente do clima brasileiro e existem outras simbologias também. Ignorar isso é fazer tudo nas coxas simplesmente porque é mais fácil. Muito bonitinho só inverter as datas. Mas não tem nada a ver.

Quantas pessoas observam o seu dia-a-dia e as mudanças que ocorrem na Natureza no decorrer do ano? Muito poucas. A maioria simplesmente lê em algum livro que no equinócio de outono o deus morre e é tempo de agradecer. Mas o sol não morre nessa época no Brasil. Nessa época, temos verde em todo lugar, pois muitas plantações são mais sensíveis ao sol e crescem apenas nessa época.

Tudo é diferente! Então fico imaginando um culto à Natureza decente neste país e uma pessoinha nada a ver querendo celebrá-lo "pelo hemisfério norte", estando na Holanda ou sei lá onde, simplesmente invertendo as datas. Isso é celebrar a roda do ano? Só se for a dos outros.

Adaptar a roda do ano não é simplesmente inverter as datas dos festivais. Não estamos falando de datas, mas de mudanças significativas na Natureza. A simbologia aqui é totalmente diferente, tudo é diferente, pois estamos falando de lugares diferentes. E não adianta ficar caçando analogias porque continua não sendo certo.

Tantas pessoas escrevem pra cá perguntando como fazem para celebrar uma colheita se não as têm, e é verdade. Por mais que você associe a uma "colheita de seus atos, psicológica", isso é gambiarra. A celebração das colheitas pelos povos celtas era a celebração das colheitas de verdade, não uma celebração de colheitas simbólicas.

O que celebrar então? Socorro, eu estou perdido(a)!

Pois é, bem-vindo(a) ao mundo. Ser pagão é ver a Natureza como sagrada; ser bruxo a) é usar a magia natural a seu favor e para a geração de resultados. Que tipo de ritual você pode fazer para algo que não existe em sua realidade?

O que está acontecendo á sua volta hoje? Quais as frutas e vegetais da época? Você sabe? Costuma visitar a feira? O que está mais barato é o que está em época, pela abundância.

Tanta gente procurando por mandrágoras para feitiços, ou querendo seus bastões feitos de bétula ou carvalho, mas não estão nem aí para o ipê amarelo. Todo mundo preocupado com rituais para descobrir o seu animal totem, assim como acontece no xamanismo norte-americano, enquanto milhares de índios vão sendo assassinados aqui mesmo, no Brasil. Tem índio pedindo esmola na Av. Paulista e muito pagão ainda ignora! As tradições da Terra vão se perdendo! Que tipo de pagãos somos? Não que devamos abraçar todas as causas, pois é impossível, mas precisamos ao menos ter consciência do que está acontecendo.

Enquanto isso, fica-se discutindo a validade ou não da autoiniciação, ou se é melhor celebrar pelo sul ou pelo norte. Parem! Parem e observem a Natureza, pois é isso que vai fazer você aprender na prática como a magia opera, e o que é ser bruxa ou bruxo.

Ser pagão não é só usar uma fitinha roxa em setembro, ou um pentagrama brilhante o ano todo, ou celebrar oito sabás sem significado algum. Vamos sair da superficialidade; vamos buscar aquilo que somos em nossa real essência.

O que você celebra? Seja qual for norte ou sul ,venha fazer parte junto conosco boas festas a todos

***Bruxa Zaira



Feliz Yule com muita "LUZ DIVINA" sempre e Bjks!!!

Nenhum comentário: