domingo, 26 de agosto de 2007

*** BRAHMACHARYA - O Princípio da Continência ***

O Estudante de Yoga deve seguir a continência.
A palavra sânscrita brahmacharya é comumente traduzida como celibato
ou abstenção sexual. No entanto, a palavra tem como tradução
literal "Brahman é o mestre (ou senhor)".

Os brahmacharis são facilmente identificados por terem a cabeça
raspada e apenas um pequeno tufo de cabelo na região do chakra bindu.

Esse tufo, chamado chuda, representa uma bandeira, um marco enterrado
num ponto que simbolicamente está associado ao lago bindu, formado
pelas correntes do rio Saraswati e que é onde, segundo os puranas, os
sábios e rishis se reúnem para "voltar para casa".

Assim, fica claro que a prática de brahmacharya está ligada
estritamente á busca da visão espiritual de tudo e em tudo.

Para que essa visão se desenvolva é preciso a prática da continência,
ou seja, do controle dos sentidos.

A grande confusão feita com o relacionamento de brahmacharya e
sexualidade está na falta de compreensão de que os desejos, que
norteiam nossos sentidos, estão situados no centro de energia
conhecido como chakra sexual.

Ao falarmos de desejos estamos falando de todos os desejos e não só o
sexual.
A prática da continência ou brahmacharya está em, por exemplo, comer
um só chocolate e não a caixa toda.

De forma simples, é "saber a hora de parar".
Ao se relacionar com um objeto o praticante deve buscar a compreensão
da essência emocional que envolve o ato, seja ela de gosto, desgosto
ou neutralidade.

Com a prática firme de brahmacharya, os estados de dhyana (meditação)
e dharana (concentração) são facilmente conquistados.

Que fique claro que a prática do brahmacharya não se restringe a
monges, mas a chefes de famílias também.

Ela é uma das pedras de sustentação da prática do Yoga, pois se a
mente flutuar sem controle sobre as relações de gosto e desgosto, ela
tenderá a se engendrar mais e mais na construção da dualidade que
cerca nosso universo, ampliando o abismo entre matéria e
espiritualidade.

Como disse Patanjali Rishi:

Brahmacharyapratishthayam viryalabhah || P Y S 2.38
Aquele que observa a continência, se ilumina e conquista vários
siddhis (perfeição ou poderes paranormais).

Aparigraha - O Princípio do Desapego ou Não Possesividade

Aparigraha significa não possesividade.
Guardar coisas que não são mais úteis para nós é conhecido em
sânscrito como parigrah.
Num sentido mais profundo, aparigraha não é apenas o desapego, mas
também o ato de estabelecer a real necessidade do objeto em si.

Normalmente, quando entramos em contato com um objeto através de
nossos sentidos, que estão sendo dirigidos pelos nossos desejos,
temos a tendência de "recompensar" o esforço que resultou nesse
contato.

Por exemplo: Se estamos com sede, enchemos uma jarra de água e
tomamos um ou dois copos de água para "matar" a nossa sede. No
entanto, ao terminar esses copos de água e perceber a sede saciada,
olhamos para a jarra ou copo ainda com água e ficamos na dúvida sobre
o que faremos: Guardamos ou jogamos fora?

Independente da resposta, o ato em si está relacionado com a relação
de compensação do esforço produzido para que o ato (saciar a sede)
fosse realizado.

O ponto em si é que normalmente temos a tendência à guardar coisas
que julgamos ser importantes, mas que muitas vezes sabemos que não a
utilizaremos depois.
Fazemos isso com objetos materiais, com sentimentos de prazer, de
dor, com variações emocionais e mentais...

A prática de aparigrah consiste em, primeiramente, perceber seus
apegos, o que estamos retendo. Depois consiste em eliminar aquilo que
não tem mais utilidade para nós.
O resultado dessa análise e eliminação é o desapego.

Aquele que aprendeu e segue aparigraha de forma completa consegue o
conhecimento do passado, do presente e do futuro. Ele também conhece
sua vida anterior.

Fique na Luz Divina!!!

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