sábado, 6 de outubro de 2007

*** A INVOCAÇÃO DO MESTRE ***

*Ao longo da História, a figura do sábio, do santo, do professor, xamã,
guia, mentor, etc, sempre foi central para a sociedade humana. Mesmo que não
tenhamos consciência, esse arquétipo se incorpora em todas as nossas
atividades de tal modo que não poderíamos imaginar a história sem a figura
central do sábio.

A grande maioria das religiões, senão todas, utilizam o arquétipo do que
podemos chamar de mestre. O Mestre é a personalidade central que está na
origem das religiões e dos sistemas de pensamento. Ele é encarado como um
primeiro instrutor, que passou pela Terra e deixou um legado que
posteriormente foi compilado por seus discípulos diretos, e estas inscrições
iniciais das palavras dos mestres serviram de base para a criação das
grandes religiões do mundo. Na Índia, tivemos a figura de Siddharta, que
incorporou o título de Buda, o "iluminado" ou "aquele que despertou". No
Zoroastrismo, também chamado na antiguidade de culto do fogo, surgiu
Zoroastro, e posteriormente foi fundado o Zoroastrismo. No Cristianismo, o
ocidente tem Jesus como a figura central e como o líder que inspirou a
criação de inúmeras Igrejas e credos, que buscam interpretar seus
ensinamentos de diferentes formas. Além destes, temos Krishna para o
Hinduismo, Nanak para o Sikhismo, Maomé para o Islamismo, e assim por
diante.

Porém, nem sempre o mestre fica conhecido como iniciador de uma religião.
Temos por exemplo, Shankaracharya, Ramana Maharshi, Aurobindo, Ramakhishna,
Yogananda, Vivekananda, e outros, que não estão necessariamente vinculados a
uma religião, mas que com sua obra e exemplo de vida deram contribuições
significativas que influenciaram, não apenas as religiões, mas também outros
segmentos da existência humana.

Um mestre pode ser um indivíduo dotado de um conhecimento considerável sobre
alguma atividade humana. Pode ser um Mestre das artes, como Da Vinci,
Leonardo, Michelangelo, Beethoven, Mozart, etc. Pode ser um gênio da
literatura, como Goethe, Dante, Victor Hugo. Pode ser um profundo conhecedor
e revolucionário de um campo de pesquisa cientifica como John Dalton,
Lavoisier, Newton, Galileu, Kepler, Kuhn, Heisenberg, Einstein, etc. Pode
ser um grande líder social como Martin Luther King, Nelson Mandela, Gandhi.
Também é possível que seja uma pessoa dotada de um profundo amor pela
humanidade e por todos os seres viventes, como São Francisco de Assis, Madre
Tereza, Irmã Dulce, Padre Pio, etc.

Cada um destes seres atingiu a maestria de certas potencialidades dentro de
um espectro específico de vivência e foram pessoas dotadas de capacidades
internas que ultrapassavam o comum e o ordinário de sua sociedade e época.
Em cada campo de atuação, eles conseguiram atingir uma expressão de seu
potencial que os aproxima de determinados "arquétipos" essenciais, que
correspondem a estruturas e níveis profundos de consciência do ser. Em
outras palavras, eles peregrinaram por caminhos determinados e alguns
conseguiram alcançar o domínio de sua natureza superior através de um tipo
de atividade ou de conhecimento.

No entanto, embora reconheçamos que o Mestre pode seguir por qualquer desses
caminhos e todas estas trajetórias podem leva-lo a expressão profunda do
potencial de seu ser, consideramos o mestre como aquele que já detém o
controle sobre as leis naturais que governam este mundo. No passado, estes
seres excepcionais foram chamados de deuses, anjos, devas, sábios, mestres,
santos, etc. Nesse sentido, a humanidade sempre conviveu com este arquétipo
e, como todo arquétipo, o mestre faz parte de um tema ou estrutura universal
que existe também no interior do ser humano, como presença essencial. Na
Terapia de Vidas Passadas, um dos nossos objetivos é pedir o auxílio do
Mestre, para que tudo corra bem e o processo possa fluir com a naturalidade
que lhe é inerente. Para que isso ocorre, é preciso que as forças internas e
universais que residem no núcleo humano sejam despertadas durante o
processo. Assim, poderemos invocar o arquétipo do "Mestre Interior", que
está guardado dentro de cada um, esperando ser novamente despertado.

É possível que a verdadeira natureza do Mestre Interior seja algo
incompreensível para nós, e que apenas possamos compreende-la quando
permitirmos que este Mestre se expresse. Alguns profissionais de TVP debatem
a respeito da verdadeira natureza e origem do Mestre. De um lado, bem mais
numeroso, temos um segmento que propõem ser o Mestre a manifestação de uma
entidade espiritual. Seria como um mentor, um guia, um espírito de luz, que
vêm de alguma parte do mundo espiritual contribuindo para que tudo corra bem
na indução à regressão de memória. Outro segmento, de algumas correntes
espiritualistas e também de autores como Pat Rowe Corrington e outros, em
contrapartida, defendem a idéia de que o Mestre é apenas uma projeção de
nossa consciência mais profunda, ou seja, o Mestre seria uma faceta
objetivada de nossa consciência mais essencial, ligada a uma realidade
divina presente em cada um de nós. O Mestre, nesse sentido, não é uma
entidade que está fora de nós, ou um guia ou guardião que existe no mundo
espiritual e aparece na sessão quando é invocado. Segundo essa visão, todos
nós somos um "Mestre em potencial", e em estado alterado de consciência,
esse Mestre se manifesta a nós e é parte integrante de nosso tratamento,
visando a cura de nossos níveis físicos, emocionais, mentais e espirituais.

Esse dualismo do "Mestre de Dentro" versus o "Mestre de Fora" é interessante
de ser observado. É certo que todo o dualismo que os seres humanos criaram,
como dia e noite, bem e mal, alto e baixo, direita e esquerda, são sempre
partes de um mesmo processo, de modo que não podemos imaginar o alto sem o
baixo, o dia sem a noite, a direita sem a esquerda, e assim por diante. No
caso do Mestre, os propositores de cada uma das posições incorrem no mesmo
erro que qualquer dos dualismos. Fazer uma parte do processo prevalecer
sobre o todo. Considerar que o Mestre pode estar "fora" seria rejeitar a
priori um potencial inerente de cura, que todos possuímos e que inclusive os
próprios terapeutas de regressão concordam que existe. Defender a posição
única de um Mestre que esteja apenas "dentro" seria negar que muitas vezes a
ajuda que precisamos pode vir de fora, pois afinal nossa mente objetiva tem
limites e necessitamos de um "algo mais" que pode não estar disponível num
dado momento e pode ser originário de energias extra-físicas que nos queiram
bem e desejem nos ajudar.

Alguns terapeutas procuram solucionar esse dualismo de diversas formas.
Alguns dizem que o Mestre Interior seria ajudado pelos espíritos de luz e
que estes seres teriam a missão de purificar a energia do paciente para que
este mergulhasse mais profundamente em seu interior, atingindo assim a cura
de seus males. Outros dizem que a espiritualidade superior abre a
consciência do discípulo para que ele descubra o próprio Mestre que já
existe nele. Embora essas concepções sejam mais bem elaboradas que a mera
oposição das idéias e levem em consideram a totalidade do processo, ainda
lhes falta uma idéia fundamental. Que idéia seria essa? A consciência de
que, o mestre, mentor ou guia espiritual possui um despertar de sua natureza
divina, e que essa natureza divina é a mesma natureza que se encontra no
núcleo mais profundo de cada um nós, porém nossa personalidade inferior
ainda está separada dessa essência.

Obviamente, não defendemos que todas as entidades espirituais que se
manifestam durante as sessões de TVP sejam apenas um produto de nosso Mestre
Interior. Tampouco defendemos que necessitamos sempre destas entidades e que
não possuímos um mecanismo natural de cura e uma sabedoria divina inerente
ao nosso ser. Porém, num nível atemporal e inespacial, onde tudo se confunde
numa mesma essência, esses dualismos não fazem mais sentido e quando nos
concentramos mais em um, podemos perder a noção do outro que lhe é
complementar. Nesse sentido, o "Mestre de Dentro" e o "Mestre de Fora" são
faces diferentes de uma mesma realidade, que em ultima instância, não
conhece o mundo dos opostos.

Como seria então a invocação do Mestre na TVP- Terapia de Vidas Passadas?
Alguns terapeutas, como Mauro Kwitko, Osvaldo Shimoda e outros, optaram por
utilizar o Mestre como técnica central da Terapia. Outros, no entanto, a
utilizam apenas em momentos específicos. Mauro Kwitko, médico e terapeuta de
vidas passadas, criou uma nova abordagem da TVP, que ele denominou de
"Psicoterapia Reencarnacionista". Esta corrente entende que ninguém poderia
guiar a regressão de memória senão um Mestre Espiritual, que eles chamam de
"Mentor". Apenas o Mentor pode conhecer as necessidades do cliente e só ele
pode saber que tipo de conteúdos a pessoa estaria apta a suportar. Segundo
ele, é possível que muitos indivíduos durante a regressão possam entrar em
contato com encarnações em que atravessaram situações muito dolorosas, e o
nosso ego não seria capaz de assimilar estas experiências, pela grande carga
emocional que seria liberada à consciência de uma só vez.

Assim, Kwitko ensina um método que consiste apenas no relaxamento e
invocação do mentor, e nessa linha, o terapeuta não precisa guiar o
processo, pois este já será orientado pelo próprio mentor. Kwitko se
enquadra então na posição do "Mestre de Fora" ensinando que um relaxamento e
uma oração anterior pedindo a presença do mentor já são suficientes. Embora
essa abordagem tenha pontos positivos e respeitemos muito o trabalho de
Kwitko, acreditamos que o Mestre deve apenas participar do processo, mas não
ser seu personagem principal. Em primeiro lugar, existem mecanismos de
defesa naturais que pertencem a nossa consciência e que impedem que
determinados conteúdos recheados de muita emoção aflorem à mente. Assim, não
é apenas o mentor que pode determinar o que pode ou não pode ser visto. É
possível que por detrás dessa abordagem exista uma crença na supremacia do
mestre externo sobre o mestre interno e assim, toda a carga da
responsabilidade seria depositada no mentor, pois se acredita que nossa
consciência não poderia sozinha regular e peneirar aquilo que a atravessa.
Por outro lado, essa metodologia acaba por deslocar o terapeuta do lugar em
que ele se propõe atuar, fazendo dele um mero expectador diante de todo um
espetáculo que se descortina em sua frente. Dessa forma, os terapeutas
poderiam acreditar que não seria necessário se qualificarem devidamente para
exercer seu trabalho, pois se o mentor é um "faz-tudo", então para que a
maior especialização? Assim, pensamos que o Mestre pode ser encarado como um
auxiliar, um guia, uma sabedoria que se coloca a nossa disposição, mas
jamais como a figura principal da Terapia.

Dentro da parte prática, o terapeuta utiliza o método de indução que
geralmente trabalha. Depois da indução, ele pode chamar a presença do
Mestre. Isso pode ser feito de várias formas. O Terapeuta pode apenas dizer
"vamos agora chamando o seu Mestre para ajudar na regressão". Ninguém deve
se preocupar em fazer corretamente a invocação, basta apenas pedir de alguma
forma que o mestre esteja presente ao setting terapêutico. Nesse caso, a
intenção e disposição em ajudar o próximo, assim como o amor pelo trabalho
que se faz, são os ingredientes fundamentais para que tudo corra bem.

Após a invocação, o terapeuta pode perguntar ao cliente se o Mestre é homem
ou mulher. Pode perguntar também qual nome o Mestre se apresenta. Pedimos
então ao cliente para definir o rosto do Mestre, sua roupa, a cor da roupa,
o tipo físico, a cor dos olhos, etc. Essa fase é importante, pois quanto
mais vívidos estiverem esses detalhes, maior será a interação com o Mestre.
Muitas vezes, não é o cliente quem escolhe a forma do mestre. A intuição e a
sensibilidade nesse momento já devem estar suficientemente afloradas para se
captar aquilo que nos vem à mente. Porem, a forma que o mestre se apresenta,
ou que foi criado por nós não tem tanta importância. No entanto, é
recomendável que antes de realizar a invocação, o terapeuta faça uma
sondagem com o cliente para verificar qual as crenças que ele possui. Se for
um cristão, provavelmente pode escolher Jesus como seu mestre. Se for
budista, poderá escolher Buda. Se for judeu, Moisés, e assim por diante. O
importante é que seja uma figura simbólica que o cliente identifique como um
personagem de sabedoria, e que seja suficientemente inspiradora, pois quanto
mais inspirador, mais o cliente vai interagir com o plano mental no qual o
Mestre atua.

Algumas pessoas podem ficar emocionadas ao entrar em contato com o Mestre.
Podem chorar e ter reações emocionais diversas. Outras podem sentir uma aura
de muita paz e amor universal a envolvendo e isso pode elevar sua vibração
naquele momento e facilitar estado de ondas alfa e a regressão. Outros podem
ver o mestre como luzes branca ou coloridas, que giram ou permanecem
paradas. Algumas pessoas apenas sentem uma energia ou tem alguma visão
rápida. Outros ainda podem ver apenas os olhos, ou então entrar em contato
com o mestre mas não ver seu rosto. As percepções de cada pessoa serão muito
pessoais e singulares, mas todos devem, de alguma forma, interagir com uma
energia e consciência mais profunda e elevada. Porém, algumas pessoas podem
não perceber que estabeleceram a conexão psíquica com o Mestre, embora esse
contato tenha ocorrido num plano mais sutil. Mesmo sabendo que a pessoa
sempre tira algo positivo da experiência, ela pode não se dar conta disso.
Às vezes, pode emergir uma sabedoria que a pessoa pode não reconhecer como
sendo dela mesma. Isso, sem dúvida, é fruto do elo mental estabelecido. A
presença do Mestre deve fazer a pessoa sentir-se bem e confiante para a
regressão, transmitindo a impressão de que ela estará protegida ao longo do
percurso.

Depois deste contato inicial, o terapeuta pode abrir uma brecha e perguntar
ao mestre se ele tem algo a dizer. Isso pode ser feito tanto no início como
no final da regressão. Geralmente, o Mestre fala sobre alguns pontos da
condução regressiva que podem ser aplicados para que o procedimento siga com
mais fluidez e serenidade. Algumas revelações sobre como obter a cura do
cliente também podem constar em seu discurso. O importante é dar esse espaço
para o mestre se manifestar, no início da sessão e ao seu término.

Depois de estreitar os laços da conexão vibratória, o Mestre pode conduzir o
cliente para suas vidas passadas. Além do Mestre, é possível que outras
entidades espirituais também se manifestem na sessão e sejam visualizadas
pela pessoa. Neste caso, elas podem ajudar nos trabalhos em que o cliente se
depare com alguma "presença", "energia intrusa" ou ainda, como é chamado
"espírito obsessor", dentro de uma "possessão espiritual". Neste caso,
existe uma série de procedimentos que podem ser levados a cabo pelo
terapeuta visando um resgate dessa consciência extrafísica. Em outro tema,
daremos os passos mais básicos que podem ser seguidos e procuraremos
transmitir um conhecimento elementar sobre a natureza desse contato e qual
deve ser a postura do terapeuta.

Além destes aspectos, o mestre também pode realizar uma purificação na aura
do cliente e essa limpeza pode ajuda-lo a passar pelo processo de uma forma
mais suave, sem que energias intrusas possam obstruir as tentativas de
aplicação das técnicas. O mestre ainda pode chamar a atenção do cliente
sobre algumas facetas de sua personalidade que devam ser trabalhadas e
transmutadas. É também possível que certas questões e problemáticas que a
pessoa sempre buscou resolver possam ser apreciadas numa reflexão realizada
em conjunto com o Mestre.

Recomendamos que as pessoas comuns não busquem um contato com o mentor sem o
devido preparo, pois essa experiência poderia estar fora de contexto e
causar alguma espécie de confusão mental as pessoas que realizam essa
experiência sem uma utilidade bem intencionada, apenas para satisfazer sua
curiosidade. Essa experiência faz parte um contexto terapêutico que apenas
pode ser reproduzido por pessoas mais experimentas em meditação, como
experiência espontânea e dentro da proteção de uma egrégora de luz. Assim, a
técnica do mestre se constitui como ferramenta de grande valor terapêutico
para a TVP-Regressão*

Hugo Lapa
Terapeuta de Vidas Passadas


Fique na Luz Divina!!!

Nenhum comentário: