sexta-feira, 30 de novembro de 2007

*** HUMANISMO - O Que é??? ***

"Mais um artigo muito interessante para "Pensar", leia e tire suas conclusões.
Posso adiantar que é mais um raio de "Luz" na busca em que o ser humano se encontra no decorrer da vida. Boa leitura!"


Texto de palestra apresentada a audiências variadasrds
Copyright 1989 by Frederick Edwords, Executive, Director American Humanist Association


O tipo de resposta que você vai obter para essa pergunta depende da espécie de humanista a quem você pergunta!
A palavra "humanismo" tem muitos significados e, uma vez que autores e conferencistas geralmente não deixam claro a qual significado se referem, os que tentam explicar o humanismo podem facilmente gerar confusão. Felizmente, cada significado da palavra constitui um diferente tipo de humanismo — os diferentes tipos sendo facilmente separados e definidos através do uso de adjetivos apropriados. Portanto, permitam-me resumir as diferentes variedades de humanismo da seguinte maneira:
Humanismo Literário — é uma devoção pelas humanidades ou cultura literária.
Humanismo da Renascença — é o espírito de aprendizado que se desenvolveu no final das idades médias com o renascimento das letras clássicas e uma renovada confiança na habilidade dos seres humanos para determinar por si mesmos o que é verdadeiro e o que é falso.
Humanismo Cultural — é a tradição racional e empírica que teve origem, em grande parte, nas antigas Grécia e Roma e evoluiu, no decorrer da história européia, para constituir atualmente uma parte fundamental da abordagem ocidental à ciência, à teoria política, à ética e à lei.
Humanismo Filosófico — é uma visão ou um modo de vida centrado na necessidade e no interesse humanos. Subcategorias deste tipo de humanismo inclui o Humanismo Cristão e o Humanismo Moderno.
Humanismo Cristão — é definido em dicionários como sendo "uma filosofia que defende a auto-realização humana dentro da estrutura dos princípios cristãos". Esta fé com maior direcionamento humano é em grande parte produto da Renascença e representa um aspecto daquilo que produziu o humanismo da Renascença.
Humanismo Moderno — também chamado Humanismo Naturalista, Humanismo Científico, Humanismo Ético, e Humanismo Democrático, é definido por um dos seus principais proponentes, Corliss Lamont, como "uma filosofia naturalista que rejeita todo supernaturalismo e repousa basicamente sobre a razão e a ciência, sobre a democracia e a compaixão humana". O Humanismo Moderno tem uma origem dual, tanto secular quanto religiosa, e estas constituem suas subcategorias.
Humanismo Secular — é uma conseqüência do racionalismo do iluminismo do século XVIII e do livre-pensamento do século XIX. Muitos grupos seculares [...] e muitos cientistas e filósofos acadêmicos sem outra filiação defendem esta filosofia.
Humanismo Religioso — emergiu da Cultura Ética, do Unitarianismo e do Universalismo. Hoje em dia, muitas congregações Unitario-Universalistas e todas as sociedades de Cultura Ética descrevem-se como humanistas no sentido moderno.
Os humanistas seculares e os humanistas religiosos compartilham a mesma visão de mundo e os mesmos princípios básicos. Isto fica evidente a partir do fato de que ambos, humanistas seculares e humanistas religiosos, assinaram o Primeiro Manisfesto Humanista, em 1933, e o Segundo Manifesto Humanista, de 1973. Do ponto de vista exclusivamente filosófico, não há diferença entre os dois. É apenas na definição de religião e na prática da filosofia que os humanistas seculares e os humanistas religiosos discordam efetivamente.
O Humanismo Religioso é "fé em ação". Em seu ensaio "The Faith of a Humanist", Kenneth Phife, de congregação Unitario-Universalista, declara:
O Humanismo nos ensina que é imoral esperar que Deus aja por nós. Devemos agir para acabar com as guerras, os crimes e a brutalidade desta e das futuras eras. Temos poderes notáveis. Termos um alto grau de liberdade para escolher o que havemos de fazer.O humanismo nos diz que não importa qual seja a nossa filosofia a respeito do universo, a responsabilidade pelo tipo de mundo em que vivemos, em última análise, cabe a nós mesmos.
A tradição humanista secular é uma tradição de desconfiança, tradição que remonta à antiga Grécia. Podemos ver, até na mitologia grega, temas humanistas que raramente aparecem, se é que aparecem, em mitologias de outras culturas. E eles certamente não foram repetidos pelas modernas religiões. O melhor exemplo, no caso, é o personagem Prometeus.
Prometeus se sobressai por ter sido idolatrado pelos antigos gregos como aquele que desafiou Zeus. Ele roubou o fogo dos deuses e o trouxe para a terra. Por causa disso, foi punido. E mesmo assim, continuou seu desafio em meio às torturas. Essa é a origem do desafio humanista à autoridade.
Outro aspecto da tradição humanista secular é o ceticismo. O exemplo histórico disso é Sócrates. Por que Sócrates? Porque, depois de todo esse tempo passado, ele ainda é único, entre todos os santos e sábios famosos, desde a Antiguidade até o presente. Toda religião tem seu sábio. O Judaísmo tem Moisés, o Zoroastrismo tem Zaratustra, o Budismo tem Buda, O Cristianismo tem Jesus, O Islamismo tem Maomé, o Mormonismo tem Joseph Smith... Todos afirmaram conhecer a verdade absoluta. Foi Sócrates, e unicamente ele, entre todos os sábios, que afirmou que NADA sabia. Cada um devisou um conjunto de regras ou leis, exceto Sócrates. Em vez disso, Sócrates forneceu-nos um método — um método para questionar as regras de outros, um método de inquirição. [...] Sócrates permanece como um símbolo, tanto do racionalismo grego como da tradição humanista que surgiu a partir daí. E, desde sua morte, nenhum santo ou sábio igualmente considerado juntou-se a ele, nesse aspecto.
O fato de que o Humanismo possa, ao mesmo tempo, ser religioso e secular apresenta, de fato, um parodoxo, mas não é este o único paradoxo. Um outro é que ambos colocam a razão acima da fé, geralmente até o ponto de evitar completamente a fé. A dicotomia entre razão e fé freqüentemente recebe ênfase no Humanismo, com os humanistas tomando lugar ao lado da razão. Por causa disso, o Humanismo Religioso não deveria ser visto como uma fé alternativa, mas sim como um modo alternativo de ser religioso.
É possível explicar, em termos claros, o que é exatamente a filosofia Humanista moderna. É fácil resumir as idéias básicas sustentadas em comum tanto pelos humanistas seculares como pelos humanistas religiosos. Essas idéias são as seguintes:
1. O Humanismo é uma daquelas filosofias para pessoas que pensam por si mesmas. Não existe área do pensamento que um humanista tenha receio de desafiar e explorar.
2. O Humanismo é uma filosofia que se concentra nos meios humanos de compreender a realidade. Os humanistas não afirmam possuir ou ter acesso a um suposto conhecimento transcendental.
3. O Humanismo é uma filosofia de razão e ciência em busca do conhecimento. Portanto, quando se coloca a questão de qual é o meio mais válido para se adquirir conhecimento sobre o mundo, os humanistas rejeitam a fé arbitrária, a autoridade, a revelação e os estados alterados de consciência.
4. O Humanismo é uma filosofia de imaginação. Os humanistas reconhecem que sentimentos intuitivos, pressentimentos, especulação, centelhas de inspiração, emoção, estados alterados de consciência, e até experiência religiosa, embora não válidos como meios de se adquirir conhecimento, são fontes úteis de idéias que nos podem levar a novas maneiras de olhar o mundo. Estas idéias, depois de racionalmente acessadas por sua utilidade, podem em seguida ser postas para funcionar, geralmente como abordagens alternativas para a solução de problemas.
5. O Humanismo é uma filosofia para o aqui e agora. Os humanistas encaram os valores humanos como tendo sentido apenas no contexto da vida humana, mais do que na promessa de uma suposta vida após a morte.
6. O Humanismo é uma filosofia de compaixão. A ética humanista preocupa-se apenas em atender às necessidades humanas e em responder aos problemas humanos — tanto pelo indivíduo como pela sociedade — e não dedica atenção alguma à satisfação dos desejos de supostas entidades teológicas.
7. O Humanismo é uma filosofia realista. Os humanistas reconhecem a existência de dilemas morais e a necessidade de cuidadosa consideração sobre as conseqüências imediatas e futuras na tomada moral de decisões.
8. O Humanismo está em sintonia com a ciência de hoje. Os humanistas reconhecem, portanto, que vivemos em um universo natural de grande tamanho e idade, que evoluímos neste planeta no decorrer de um longo período de tempo, que não existe uma evidência premente de uma "alma" dissociável, e que os seres humanos têm determinadas necessidades inatas que formam efetivamente a base de qualquer sistema de valores orientado para o homem.
9. O Humanismo está em sintonia com o pensamento social esclarecido de nossos dias. Os humanistas são compromissados com as liberdades civis, os direitos humanos, a separação entre Igreja e Estado, a extensão da democracia participativa, não só no governo, mas no local de trabalho e na escola, uma expansão da consciência global e permuta de produtos e idéias internacionalmente, e uma abordagem aberta para a resolução de problemas sociais, uma abordagem que permita a experiência de novas alternativas.
10. O Humanismo está em sintonia com novos avanços tecnológicos. Os humanistas têm boa-vontade em participar de descobertas científicas e tecnológicas emergentes, de modo a exercerem sua influência moral sobre estas revoluções à medida que surgem, especialmente no interesse de proteger o meio ambiente.
11. O Humanismo, em suma, é uma filosofia para aqueles que amam a vida. Os humanistas assumem responsabilidade por suas próprias vidas e apreciam a aventura de participar de novas descobertas, buscar novo conhecimento, explorar novas possibilidades. Em vez de se satisfazerem com respostas prefabricadas para as grandes questões da vida, os humanistas apreciam o caráter aberto de uma busca e a liberdade de descoberta que este proceder traz como sua herança.
Embora alguns possam sugerir que esta filosofia sempre teve poucos e excêntricos seguidores, os fatos da história mostram o contrário. Entre as modernas adesões ao Humanismo, contam-se: Margaret Sanger, fundadora do Planejamento Familiar, Humanista do Ano de 1957 da Associação Humanista Americana; os psicólogos humanistas pioneiros Carl Rogers e Abraham Maslow, também Humanistas do Ano; Albert Einstein, que aderiu à Associação Humanista Americana nos anos cinqüenta; Bertrand Russell, que aderiu nos anos sessenta; o pioneiro dos direitos civis, A. Philip Randoph, que foi o Humanista do Ano de 1970, e o futurista R. Buckminister Fuller, Humanista do Ano de 1969.
As Nacões Unidas são um exemplo específico do Humanismo em ação. [...] Uma das grandes realizações desta organização foi varrer a varíola da face da terra.
[...]
Enquanto isso, humanistas como Andrei Sakharov, Humanista do Ano de 1980, têm se levantado em favor dos direitos humanos sempre que estes são suprimidos. Betty Friedan e Gloria Steinem lutam pelos direitos humanos, Mathilde Krim combate a epidemia da Aids, e Margaret Atwood é uma das mais comentadas defensoras da liberdade literária no mundo — todas humanistas.
A lista de cientistas inclui uma multidão: Stephen Jay Gould, Donald Johanson, Richard Leakey, E. O. Wilson, Francis Crick, Jonas Salk e muitos outros — todos membros da Associação Humanista Americana, cujo presidente nos anos oitenta foi o cientista e escritor Isaac Asimov.
Talvez isso tenha sido o que levou George Santayana a declarar que o Humanismo é "uma realização, não uma doutrina".
Portanto, no Humanismo moderno pode-se encontrar uma filosofia ou uma religião sintonizada com o conhecimento moderno; [...] ele tem inspirado as artes, da mesma forma que as ciências; a filantropia, tanto quanto a crítica. E mesmo na crítica, é tolerante, defendendo o direito que têm todas as pessoas de escolher outros caminhos, de falar e escrever livremente, de viver suas vidas segundo seu próprio discernimento.
Então, a escolha é sua. Você é um humanista?


"Você não precisa responder nem sim, nem não. Pois esta não é uma proposição de "ou isso ou aquilo". O Humanismo está à sua disposição — você pode adotá-lo ou recusá-lo. Pode pegar um pouquinho ou pode pegar bastante, ficar bebericando a taça ou sorvê-la de um gole só.
Isso é com você."


Fique na Luz Divina!!!

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