sábado, 30 de maio de 2009

Dois olhares sobre os "Amor"


FOME DE AMOR e Uma História de Amor... com Final Feliz
Duas historias e duas cabeças, leia e divirta-se!



* FOME DE AMOR - Arnaldo Jabor
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas.

Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvída?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.

Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como:

"Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!"

Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente!

Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí?

Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu
não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

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Uma História de Amor... com Final Feliz

AMARÍLIS LAGE da Folha de S.Paulo entrevista o Psiquiatra FLÁVIO GIKOVATE q defende triunfo do individualismo nas relações afetivas 10/04/2008

Esse é o tema de seu novo livro, "Uma História de Amor...com Final Feliz". Trata-se, na verdade, de dois finais. Um deles aponta para um novo molde das relações afetivas: "O romantismo do século 21 não será mais essa idéia de fusão de duas metades, e sim a aproximação de dois inteiros. Uma coisa mais parecida com a amizade, com mais afinidade intelectual do que física". A outra opção de final feliz, diz, é a solidão -tão temida.

Leia trechos da entrevista concedida por Gikovate à Folha.........




*Folha - A busca por uma fusão com o ser amado é constante em todos os períodos ou nossa idéia atual de amor decorre do movimento romântico dos séculos 18 e 19?


FLÁVIO GIKOVATE - A expressão do amor romântico é ruim, melhor definir amor de forma mais ampla.

Desde que nascemos, temos a sensação de ser uma "metade", talvez porque tenha sido assim na origem: passamos a existir fundidos a outro ser --a mãe.

O nascer é uma ruptura que gera desamparo.

Isso só se atenua com a reaproximação física da mãe.

Amor é o que sentimos por quem atenua nossa sensação de desamparo, e esse remédio varia conforme a época.

No clã familiar, o aconchego vinha de muitas fontes.

Quando os jovens saíram da área rural, foram afastados do clã.

Então, homem e mulher criaram uma aliança intensa só entre eles.

Esse amor romântico, que é possessivo, exigente, ciumento e complexo, andava mais ou menos bem até a 2ª Guerra Mundial.

Aí se agravou um conflito que, para mim, sempre existiu: aos dois anos, a criança sai do colo da mãe para apreender o mundo.

A partir daí, ela se divide entre o amor e seus interesses pessoais.

Essa divisão não se resolve nunca.



*Folha - Apesar dessa independência, as mulheres ainda são mais associadas ao amor. Por quê?


GIKOVATE - Isso é uma lenda.

Talvez elas tenham mais interesse em estabelecer relações estáveis por razões sexuais (não se divertem muito com o sexo sem compromisso) e pela idéia antiquada de que casar pode ser um bom negócio.

No dia em que elas fizerem as contas e perceberem que 60% das vagas nas universidades são ocupadas por mulheres, vão repensar isso.

Elas sonham com protetor e provedor e com independência.

Nesse sentido, muitas são contraditórias.



*Folha - Por que, na maioria dos divórcios, a iniciativa é feminina?


GIKOVATE - Porque os casamentos de má qualidade são mais desgastantes para a mulher.

Em geral, esse casamento é entre opostos: um egoísta e outro generoso --e há tanto homens como mulheres dos dois tipos.

Nas separações por iniciativa feminina, geralmente a mulher generosa ficou de saco cheio do marido folgado.

A egoísta não se separa, pois se beneficia da situação.

E os maridos generosos não se separam porque não são bons em ficar sozinhos e perdem mais com a separação, como os filhos e a casa.



*Folha - O individualismo tem uma conotação pejorativa. Por que valorizá-lo?

GIKOVATE - Individualismo não é egoísmo.

O egoísta gosta de turma, porque é aí que encontra um generoso para "mamar na teta".

O generoso também não é individualista porque tem a necessidade de dar.

O individualismo resolve o dilema entre o egoísmo e a generosidade: é eu me entender como uma unidade e, se eu me sentir desamparado, resolver isso por mim mesmo, e não por meio do outro.

Isso não significa não me relacionar, mas o outro deve ser escolhido por afinidade intelectual, como os amigos.



*Folha - Se esse encontro não ocorre, é possível ser feliz sozinho?


GIKOVATE - Meu livro tem dois finais: um é ficar sozinho; outro, bem-acompanhado.

Ambos representam a vitória da individualidade.

Posso jogar tênis sozinho ou em dupla.

O que não posso é jogar com um parceiro desleal, ciumento e que queira mandar em mim.

Ninguém aceitará gente querendo mandar. Isso não é ser egoísta.

O egoísmo se caracteriza pela intolerância à frustração.

O independente resolve agüentar suas dores.

Além disso, hoje, o mundo é mais favorável a pessoas sozinhas.



*Folha - Como o sexo ocorre nesse amor que parece amizade?


GIKOVATE - Isso é um problema porque, em nossa cultura, o sexo vai melhor quando há briga.

As pessoas gostam mais de transar com inimigos do que com amigos.

Isso mostra como precisamos avançar no entendimento da questão sexual.

Ainda é preciso inventar um erotismo que não seja comprometido com vulgaridade e violência.

Para superar isso, é preciso ser criativo e entender que as leis da atração sexual não são as mesmas das relações afetivas de boa qualidade.

Na hora do sexo, talvez seja necessário mudar o canal, no qual o outro tem de deixar de ser o parceiro sentimental para ser um outro.

É assim que os casais que se amam de verdade descobrem estratégias para que o sexo flua.

Muita "LUZ" e Bjks!!!

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